ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09.04.1997.

 


Aos nove dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães e Sônia Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Elói Guimarães e Guilherme Barbosa. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Primeira Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Executivo Municipal, 01 Projeto de Lei do Executivo nº 11/97 (Processo nº 1229/97); pelo Vereador Adeli Sell, 01 Indicação nº 23/97 (Processo nº 1197/97); pela Vereadora Anamaria Negroni, 06 Pedidos de Providências; pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 50/97 (Processo nº 1171/97); pelo Vereador Eliseu Sabino, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Guilherme Barbosa, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 51/97 (Processo nº 1172/97); pelo Vereador Lauro Hagemann, 01 Pedido de Informações nº 62/97 (Processo nº 1163/97); pelo Vereador Nereu D'Ávila, a Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Executivo nº 07/97 (Processo nº 925/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências. Ainda, o Senhor Presidente deferiu Requerimento do Vereador Fernando Záchia, solicitando desarquivamento do Projeto de Lei do Executivo nº 65/96 (Processo nº 2845/96) e foi apregoado o Ofício nº 148/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando à Casa três volumes do Balanço Geral da Administração Direta, encerrado em trinta e um de dezembro de mil novecentos e noventa e seis. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 02/97, do Vereador José Alfredo Orth, Presidente da Câmara Municipal de Campo Bom/RS; 12/97, do Senhor Airton Dipp, Deputado Federal/RS; 148/97, da Diretoria do Grupo Hospitalar Conceição; 228/97, do Vereador Alcy Paulo de Oliveira, Presidente da Câmara Municipal de Canoas/RS; 271/97, do Vereador Ptolomeu Bittencourt, Presidente da Câmara Municipal de Florianópolis/SC; 383 e 389/97, do Gabinete da Casa Civil da Presidência da República; s/nº, da Comissão Mista de Gerenciamento do Arroio Areia; s/nº, do Vereador Luciano Azevedo, Presidente da Câmara Municipal  de Passo Fundo/RS; Convite do SENAC para o Fórum Permanente de Debates "Estilo, Moda e Comportamento", com a palestrante Glória Kalil, realizada em vinte e seis de março do corrente; Impressos: do Instituto Municipalista Brasileiro - IMB, divulgando o Congresso Nacional de Agentes Públicos Municipais, a ser realizado de quatorze a dezesseis de abril do corrente em Florianópolis/SC; da Confederação Nacional de Municípios, divulgando o 2º Congresso Brasileiro de Municípios, realizado de um a quatro de abril do corrente, em Brasília/DF. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do ex-Vereador Edi Morelli e do ex-Prefeito de Sapucaia do Sul/RS, Senhor Francisco Barbosa, e informou que o Vereador Reginaldo Pujol estará representando a Casa, em homenagem prestada ao Senhor Paixão Côrtes pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Em continuidade, o Senhor Presidente apregoou Requerimento de autoria da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para Tratamento de Saúde nos dias nove e dez de abril do corrente, declarando empossado na Vereança o Suplente Jocelin Azambuja e informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Marcelo Restori da Cunha, representante da Stercus Produção de Espetáculos Artísticos Ltda., que denunciou tentativas de censura feitas pela Brigada Militar à peça teatral intitulada "PM-2", encenada pelo Grupo Teatral Falus e Stercus, discorrendo sobre vários atos de represália sofridos por esse grupo durante as apresentações da referida peça. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt, reportando-se ao tema da Tribuna Popular de hoje, condenou o cerceamento de liberdades constitucionais, em especial a de livre expressão artística. Na ocasião, o Senhor Presidente deferiu Requerimento verbal do Vereador Gerson Almeida, aditado pelos Vereadores João Dib, Maria do Rosário e Eliseu Sabino, no sentido de que as Comissões de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos e de Educação e Cultura recebam cópias taquigráficas do pronunciamento do Senhor Marcelo Restori da Cunha e colham os depoimentos necessários para a realização de uma ação conjunta no sentido de coibir atos semelhantes aos relatados por esse Artista. Ainda, informou que a próxima apresentação da peça teatral em questão será feita no dia treze de abril do corrente, no Largo Iedo Blaut, junto ao Monumento ao Expedicionário do Parque Farroupilha. Às quatorze horas e trinta e sete minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta minutos, constatada a existência de "quorum". Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 75/96, discutido pelos Vereadores João Dib, Antonio Hohlfeldt, Renato Guimarães e Jocelin Azambuja; o Projeto de Lei do Legislativo nº 31/97, discutido pelos Vereadores João Dib, Antonio Hohlfeldt e Cyro Martini; o Projeto de Lei do Legislativo nº 44/97, discutido pelo Vereador João Dib; o Projeto de Lei do Executivo nº 09/97, discutido pelo  Vereador  João  Dib;  em  2ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 05/95; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 19 e 35/97; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/97; o Projeto de Lei do Executivo nº 07/97; em 5ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 01/97. Na ocasião, o Senhor Presidente informou ter o Vereador Carlos Garcia representado a Casa na abertura do Seminário Nacional Escola-Cidadã Aprendizagem Para Todos, realizada  hoje  no  Salão de Atos  da  UFRGS.  Em COMUNICAÇÃO  DE  LÍDER, o  Vereador  Carlos  Garcia  manifestou  sua  contrariedade  ao  Projeto de Lei do Executivo nº 07/97, que autoriza a dissolução da Empresa Porto-Alegrense de Turismo - EPATUR. Referindo-se ao Projeto de Lei do Legislativo nº 44/97, que institui a meia-entrada escolar nos cinemas da Cidade, defendeu a extensão desse benefício aos professores. Ainda, teceu considerações a respeito do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 05/95. O Vereador Jocelin Azambuja lamentou postura atualmente adotada pela Brigada Militar, de não implantar um "Pelotão Hipo", uma extensão do 4º Regimento de Cavalaria, para policiamento a cavalo, nas áreas centrais da Cidade. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que, amanhã, às quatorze horas e trinta minutos, o Senhor Prefeito Municipal estará na Casa para tratar de questões relativas ao Porto da Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib comentou dados referentes ao número de assessores de que cada Vereador dispõe. Também, criticou o financiamento, pela Administração Municipal, da publicação de livro com letras de músicas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, comentando situação semelhante observada quando da publicação do primeiro número da Revista "Dum-Dum". O Vereador Gerson Almeida, reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, sobre a publicação de livro do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, esclareceu a posição da Administração Municipal sobre o fato, lembrando acórdão que absolveu o ex-Prefeito Olívio Dutra no caso da publicação do primeiro número da revista "Dum-Dum". A Vereadora Clênia Maranhão referiu-se à publicação, às expensas da Administração Municipal, de livro com letras de músicas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Ainda, comentou declarações à imprensa feitas pelo Prefeito Raul Pont, contrárias à instalação da montadora de veículos General Motors em nosso Estado. Na oportunidade, o Senhor Presidente determinou a distribuição de convites aos Senhores Vereadores para a peça "Sopa de Palhaços", em cartaz no Teatro Carlos Carvalho, na Casa de Cultura Mário Quintana. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Renovação de Votação, foram realizadas as votações a seguir especificadas, referentes ao Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 28/94 (com Veto Parcial). Foram votados destacadamente e aprovados o parágrafo único do artigo 13 e os artigos 53, 54, 55 e 56, considerando-se rejeitado o Veto a eles aposto, por dezessete votos SIM e quatorze votos NÃO, após serem encaminhados à votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Reginaldo Pujol, Guilherme Barbosa e Luiz Braz, tendo votado Sim os Vereadores  Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Jocelin Azambuja e Não os Vereadores  Adeli Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário e Renato Guimarães. Foi votado destacadamente e aprovado o artigo 36, considerando-se rejeitado o Veto a ele aposto, por dezoito votos SIM, sete votos NÃO e seis ABSTENÇÕES, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Jocelin Azambuja, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, João Motta, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Renato Guimarães e optado pela Abstenção os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, José Valdir e Juarez Pinheiro. Foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 200, considerando-se aceito o Veto a ele aposto, por um voto SIM e vinte e oito votos NÃO, tendo votado Sim o Vereador João Carlos Nedel e Não os Vereadores  Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Sônia Santos e Jocelin Azambuja. Foram rejeitado os artigos 43 e 146 e o parágrafo único do artigo 186, considerando-se aceito o Veto a eles aposto, por nove votos SIM, dezoito votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo votado Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sônia Santos e Jocelin Azambuja e Não os Vereadores  Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário e Renato Guimarães e tendo optado pela Abstenção o Vereador João Dib. Após, o Vereador Gerson Almeida solicitou que o Senhor Berfran Rosado, Presidente da Companhia Riograndense de Saneamento, seja convidado para a próxima reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente,  tendo o Senhor Presidente informado que o assunto deve ser encaminhado através de Requerimento escrito dirigido à Mesa dos trabalhos. A seguir, o Senhor Presidente registrou o recebimento do Ofício nº 157/97, do Senhor Prefeito Municipal, comunicando viagem a Brasília/DF, no dia dezessete do corrente mês, a fim de participar  de reunião onde  estarão presentes os Prefeitos das Capitais do MERCOSUL e o Governador Cristóvam Buarque. Em prosseguimento, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Gerson Almeida, de nº 79/97 (Processo nº 1240/97 - Moção de Solidariedade ao Pedido de Informações do Deputado Flávio Koutzii quanto a repasse de verbas para a montadora de veículos General Motors), este por quatorze votos SIM e doze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Luiz Braz, João Dib, Gerson Almeida, Clovis Ilgenfritz e Clênia Maranhão, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila e Não os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Jocelin Azambuja; do Vereador Guilherme Barbosa, de nº 78/97 (Processo nº 1228/97 - destinação de período de Grande Expediente para homenagear os cinqüenta anos dos Grupos de Auto-Ajuda Alcoólicos Anônimos no Brasil); do Vereador João Dib, solicitando manifestação da Comissão de Constituição e Justiça, nos termos do artigo 94, § 3º, alínea "j" do Regimento, relativamente ao Processo nº 985/97, este por vinte e dois votos SIM,  após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib e Clovis Ilgenfritz, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Cyro Martini, Décio Schauren, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum,  Sônia Santos e Jocelin Azambuja;  do Vereador José Valdir, de nº 77/97 (Processo nº 1212/97 - destinação de período de Comunicações para homenagear o aniversário do CPERS/Sindicato); do Vereador Luiz Braz, solicitando pagamento de diárias para viagem à cidade de Ribeirão Preto (Processo nº 1236/97). Na oportunidade, foi aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais. Também, os Vereadores Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Clênia Maranhão, José Valdir, Luiz Braz, João Motta, Maria do Rosário e Jocelin Azambuja formularam Questões de Ordem referentes à regimentalidade do voto do Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente deste Legislativo, quando da apreciação do Requerimento nº 79/97, ao que o Senhor Presidente determinou à Procuradoria da Casa que exarasse Parecer sobre a matéria. A seguir, foi apregoado Requerimento do Vereador Pedro Américo Leal, solicitando o pagamento de despesas com passagens aéreas na viagem do Vereador Luiz Braz a Ribeirão Preto/SP, em representação externa desta Casa, o qual, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Gerson Almeida, Luiz Braz e Pedro Américo Leal, deixou de ser votado por insuficiência de "quorum". Às dezoito horas e vinte e um minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor  Presidente  declarou  encerrados  os  traba<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>lhos, convocando os Senhores<M> Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn e Paulo Brum, e secretariados pelo Vereadores Paulo Brum, Guilherme Barbosa e Reginaldo Pujol, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Quero aproveitar o ensejo para fazer uma saudação especial ao sempre Vereador Edi Morelli, ex-Vice-Presidente desta Casa, e ao ex-Prefeito da Cidade de Sapucaia do Sul, Dr. Barbosa, que é sempre bem-vindo a esta Casa.

Informamos a V.Exas. que, por despacho do Presidente desta Casa, neste momento o Ver. Reginaldo Pujol acha-se em representação desta Casa, por ocasião da homenagem que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul faz ao Sr. Paixão Côrtes, um dos idealizadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho, nas comemorações do cinqüentenário da instituição “Chama Crioula”.

A Vera. Tereza Franco solicita licença para tratamento de saúde nos dias 09 e 10 de abril.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença da Vera. Tereza Franco e empossado o Suplente, conforme consta da Ata.)

Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

Na forma do art. 100 da Lei Orgânica Municipal, nós comunicamos que o Sr. Marcelo Restori da Cunha, representando a Stercus Produção de Espetáculos Artísticos Ltda., está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

O SR. MARCELO RESTORI DA CUNHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o grupo teatral “Falus e Stercus” está aqui para denunciar a tentativa de censura ao espetáculo PM2 por parte da Brigada Militar. O nome do grupo, “Falus e Stercus”, precisa de uma explicação, porque, na época em que fomos presos em Viamão, muitos comunicadores haviam criticado o próprio nome do grupo. Então, para não ter dúvida, nós queríamos dizer que o teatro está ligado aos ritos agrários. No início, na Grécia Antiga, o “falus” era um desses símbolos do teatro, junto com as duas famosas máscaras. Esse símbolo foi tirado do teatro na Idade Média. Nós recuperamos isso. E “stercus” tem relação a uma obra de Nietzsche, sobre a tragédia, em que ele fala que o artista deve ser o esterco de sua nova obra. São dois símbolos de fertilidade. Uma das características do grupo é fazer teatro de rua, e nós montamos essa peça chamada PM2. Nós queríamos uma metáfora sintética das relações do poder no Brasil desde sua descoberta até hoje, num caso que fosse bastante cotidiano, que as pessoas soubessem como falar sobre isso. A síntese que encontramos para esse espetáculo é um estupro. Depois ficamos sabendo que um cientista político cita que a história do Brasil está relacionada com a história de estuprados e estupradores. A partir desse estupro é feita uma relação dos PMs com um “yuppie” que cometeu o estupro e compra esses brigadianos. Eles acabam cometendo o extermínio de menores que estão no espetáculo. Esse espetáculo estreou em final de 93. Em 94 ele foi contratado pela Prefeitura para um projeto de descentralização, onde o teatro é levado às vilas de Porto Alegre. A primeira apresentação ocorreu na Restinga e lá também ocorreu o primeiro problema com a Brigada. Nessa vez nós estávamos apresentando, na saída de uma feira, na Restinga. Alguns policiais quiseram interromper o espetáculo, dizendo que nós estávamos atrapalhando a feira. Nós fizemos a apresentação deslocar-se um pouco mais. O público foi junto e, inclusive, o público se colocou  ao nosso lado daquela vez. Quando nós terminamos a apresentação e fomos em busca do ônibus que a Prefeitura havia contratado para nos levar, o ônibus não estava mais lá. Aguardamos por volta de meia hora, quando apareceu o ônibus e buzinou de uma esquina, dizendo que havia saído porque os policiais disseram que, se ele não saísse, seria preso junto com a gente.

Dentro desse mesmo projeto, a gente se apresentou na Vila Santa Rosa. Ao final da apresentação da Vila Rosa, em 94, os policiais chegaram e nos intimidaram, dizendo que nós seríamos presos por causa daquela apresentação. Quando nós dissemos que fomos contratados pela Prefeitura, eles acabaram abrindo mão disso, mas disseram para não aparecermos mais na Santa Rosa. Nesse mesmo dia, nós fomos ao Parque dos Maias, também contratados pela Prefeitura, e lá, durante a apresentação, uma pessoa começou a berrar contra o grupo. Quando isso acontece nas nossas apresentações, nós abrimos o espaço para que essa pessoa venha ao centro e fale. Essa pessoa foi vaiada pelo público e essa mesma pessoa chamou a polícia. Nesse dia, a polícia chegou um pouco antes de terminar o espetáculo. Nós só não fomos presos porque o público não deixou. Mesmo assim, eles pegaram identidades, nomes, como já estão acostumados a fazer com a gente, e ficaram de conversar com a Prefeitura, porque nós dissemos que ela era a realizadora do evento. Chegou isso à Prefeitura e foi, na época, uma discussão. A gente teve que ir com o centro comunitário do Parque dos Maias para falar sobre esse fato. Foi lá que descobrimos que esse cidadão que havia xingado os atores e que tinha se manifestado contra o espetáculo é um ex-policial.

Depois disso aconteceu o famoso caso em Viamão, quando fomos presos. Na apresentação em Viamão, que foi contratada pelo Governo do Estado, pela Secretaria de Cultura e pela Secretaria de Cultura e Educação do Município de Viamão, ao final da apresentação a polícia fez uma barreira para nos prender e tentaram nos enquadrar sobre o argumento do uso indevido de fardamento. Nós provamos que não era um fardamento e sim um similar usado como figurino. Eles mudaram a acusação, pois nesse espetáculo existem três pênis de borracha: um, usado pelo estuprador e, os outros dois, usados pelos brigadianos, o que no espetáculo funciona como metáfora do estupro, outro estupro. Acabamos presos naquele dia e só fomos liberados porque um dos atores é estudante de Direito e contatou com um dos seus professores, que nos defendeu. Depois, nós ficamos, durante um bom tempo, respondendo sobre isso à Brigada de Viamão, e eles não conseguiram levar adiante porque batia na Constituição sobre o nosso direito de livre expressão artística.

A partir disso, são várias as apresentações em que, numa tentativa de terror psicológico ao grupo, a Brigada se colocava diante das apresentações, várias no Brique da Redenção. Certa vez, até a Cavalaria esteve lá, cercando toda a apresentação do espetáculo. O público começou a xingar os brigadianos, e só assim eles acabaram saindo de lá.

Isso virou uma coisa costumeira, sempre, ao final das apresentações do espetáculo, os brigadianos chegarem, anotarem nossos nomes, pegarem nossas identidades e ficarem fazendo terror psicológico durante a apresentação.

Agora, durante a Semana de Porto  Alegre, o Grupo havia sido contratado pela Prefeitura para fazer uma apresentação na Esquina Democrática e novamente a Polícia tentou interromper o espetáculo, dessa vez sob a alegação do uso de armas de brinquedo, que seria proibido. Quando nós dissemos que havíamos sido contratados pela Prefeitura, eles desistiram, mas ficaram o tempo todo ali. No final eles novamente pegaram nossos nomes, nossas identidades, nossos endereços e ameaçaram nos prender. O grupo e esse espetáculo já receberam várias críticas especializadas, inclusive em nível nacional, elogiando o espetáculo que tem a sua linguagem, e todos têm o direito de não gostar. O que não aceitamos é a proibição do nosso direito de nos expressar. Estamos exercitando, com esse espetáculo, o nosso direito de falar sobre a nossa realidade e questioná-la. Estamos questionando certas ações, não da instituição Brigada Militar, mas uma segunda instituição, dentro da Brigada, que age com muita violência. Isso existe. Está aí a prova, com outros acontecimentos dentro desse País, que não são únicos, apesar de algumas pessoas da Imprensa dizerem isso. Tivemos a oportunidade de visitar favelas no Rio de Janeiro e constatamos que a violência acontece diariamente lá. Não é diferente nas nossas vilas.

Vimos aqui denunciar e pedir que os nossos representantes se manifestem a esse respeito. Quem acha que a livre expressão é pouca coisa, de alguma maneira colabora com aqueles canalhas, que fizeram aquilo com o Júlio César, em Porto Alegre, em Diadema, em Vigário Geral, Candelária e aí se vai adiante. Queremos deixar essa denúncia. Agradecemos a oportunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, especialmente Marcelo e todo o Grupo Stercus Produção de Espetáculos Artísticos Ltda., essa é a segunda vez que esse grupo se manifesta aqui nessa Casa para trazer denúncia sobre o comportamento da Brigada Militar. Seja qual for a tropa, ou sejam quais foram os soldados que se encontram em serviço, diante dessa situação, existe sempre, como evidenciam os relatos do Marcelo, uma espécie de tentativa de coibição, de amedrontamento, de cerceamento da expressão do grupo.

O Marcelo fez um registro que eu quero aqui resgatar. Na minha função de comentarista e crítico de teatro, tenho acompanhado os diferentes espetáculos que o grupo realiza. Há coisas de que gosto e outras das quais não gosto. Tenho escrito e comentado isso, com absoluta tranqüilidade em relação ao grupo, mas há uma questão maior contra a qual esta Casa, assim como todo o cidadão brasileiro, tem que lutar. Nós vivemos diferentes períodos na história deste País, de cerceamento de liberdades, contrariando, inclusive, aquilo que é expresso pela Constituição brasileira. Hoje, especialmente, há uma vigência de absoluta liberdade de expressão. É evidente que, se as pessoas ultrapassarem os limites da própria Constituição, elas deverão responder por isso, sem nenhum problema, mas não penso - e digo isto porque conheço o espetáculo - que seja exatamente o caso do espetáculo teatral que tem, constantemente, sido ameaçado, e os seus integrantes perseguidos, no sentido de se tentar evitar que o espetáculo continue ou seja apresentado.

Há duas semanas, a convite do Marcelo, eu fui até a Esquina Democrática para assistir ao espetáculo, e, lá chegando, eles me relataram a situação ocorrida. No meu entendimento, houve exorbitância dos soldados, porque, se eles queriam tomar alguma providência, deveriam, certamente, conduzir os atores até uma delegacia de polícia, fazer, se fosse o caso, a apresentação dos atores à delegacia de polícia, mas o que eles fizeram foi diferente.

Até socorro-me do Ver. Pedro Américo Leal, que conhece legislação, e, independentemente de posições, sei que ele é absolutamente avesso a esse tipo de procedimento. Eles, simplesmente, em uma posição de amedrontamento, pediram as carteiras de identidade, anotaram o seu conteúdo e estão agora, eu diria, à revelia da legislação, tentando interferir nas vidas privadas desses rapazes e dessas moças, procurando, se não atingir o grupo diretamente, atingir por linhas transversas, no sentido de coibir a continuidade do trabalho. Nesse sentido, quando o Marcelo me relatava a situação, eu, imediatamente, sugeri que eles, mais uma vez, viessem a nossa Casa, porque a Casa do povo de Porto Alegre tem que registrar esses acontecimentos e, evidentemente, participar da disputa, no sentido de manterem-se abertos os canais de comunicação. E não entro no mérito, quero deixar bem claro, da perspectiva da peça, da maneira como é colocada. Acho que é uma outra discussão. Aqui me bato pela liberdade, dentro dos limites legais, que todos devemos ter. No caso específico, o grupo tem, permanentemente, recebido contratos, por exemplo, por parte do SESC, em que se apresentou em temporada no Teatro do SESC, na Av. Alberto Bins; tem-se apresentado em festivais de teatro variados pelo Brasil e tem assumido contratos através das Secretarias de Cultura do Estado e do Município. Ora, isso, evidentemente, dá um aval ao trabalho do grupo. Poderemos discutir o tema, os enfoques, a estética, mas isso dá um aval, inclusive porque esse grupo tem história na Cidade de Porto Alegre. O grupo faz um tipo de teatro - como bem destacou o Marcelo - que é muito importante para nós e que Porto Alegre vem tentando resgatar nos últimos anos, que é o chamado teatro de rua que nos devolve às origens do teatro, quer da antiga Grécia, quer de outras sociedades primitivas. Um teatro de rua é um teatro eminentemente popular, é um teatro que utiliza formas de linguagem que nós utilizamos no nosso dia a dia, talvez, às vezes, com jargão muito elevado, mas de toda a maneira o jargão que nós, informalmente, usamos. E com isso temo, Marcelo, em nome do seu grupo, que aqui comparece na Tribuna Popular, que práticas como estas que segmentos  da Brigada vêm desenvolvendo se entendam por outros grupos e façam com que exatamente esses grupos acabem tendo medo, através de outras pessoas, e calando. Acho que isso é uma coisa que não podemos admitir. Então, nesse sentido o apoio formal da Bancada do PSDB e da Casa à luta de vocês e ao que podemos encaminhar aqui em prol do trabalho que vocês desenvolvem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, tendo em vista o relato feito pelo Sr. Marcelo da Cunha, secundado com mais informações do Ver. Antonio Hohlfeldt, e sem prejuízo das demais manifestações, quero requerer que a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor colha o depoimento do Sr. Marcelo e dos demais membros do grupo para que nesta Casa não fique apenas na denúncia e na solidariedade, mas para que possamos tomar medidas para coibir esse tipo de situação inaceitável que continua acontecendo na Cidade de Porto Alegre, colocando em risco a integridade de um grupo teatral e a liberdade de cultura, independente de gostarmos ou não de determinadas peças e livros, mas temos, sim, de estimular todas as formas de cultura e não podemos aceitar qualquer tipo de coibição.

Então, deixo esse encaminhamento à Mesa.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, há duas formas para tramitar esse Requerimento: a primeira, através de um requerimento formal em que, ouvido o Plenário, V.Exa. pedirá a manifestação da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Segunda: considerando a manifestação de V.Exa., a Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos avocar a si a matéria.

 

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Desejaria aditar ao Requerimento do nobre Ver. Gerson Almeida também a audiência da Comissão de Educação e Cultura.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Na qualidade de Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, avocamos a matéria e solicitamos que as notas taquigráficas do depoimento do representante do grupo teatral bem como o depoimento do Ver. Antonio Hohlfeldt sirvam de início para esse processo. Também, considerando o Requerimento do Ver. João Dib, concluímos pela importância de um trabalho conjunto das duas Comissões.

 

O SR. PRESIDENTE: Defiro de plano seu Requerimento, Vera. Maria do Rosário, e solicito à Diretoria Legislativa que proceda à coleta dos apanhados taquigráficos das manifestações solicitadas  e de outras que, porventura, venham a ocorrer.

Gostaria da audiência do Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Casa, Ver. Eliseu Sabino, até para definir a atuação das Comissões Conjuntas, face ao aditamento do Ver. João Dib.

 

O SR. ELISEU SABINO (Requerimento): Era esta a nossa proposição, a de fazermos uma atuação conjunta com a Comissão de Educação e Cultura.

 

O SR. PRESIDENTE: Perfeito. Defiro de plano e solicito a V.Exa., junto com a Vera. Maria do Rosário, que definam a pauta comum de atuação para fins de economia processual, para que não haja procedimentos paralelos dentro da Casa. Acredito que ambas as Comissões, de forma harmônica, poderão desenvolver um trabalho que conduzirá, com certeza, a um encaminhamento satisfatório por parte desta Casa, que prima e luta pela liberdade de expressão cultural nesta Cidade e no País.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Esclarecimento): Sr. Presidente, pergunto se V.Exa. pode me informar a data de apresentação de uma próxima peça, para poder assisti-la e, assim, poder analisar se a peça não é pornográfica, ou se estará agredindo à instituição Brigada Militar.

 

O SR. PRESIDENTE: Informa-me o Ver. Paulo Brum, que fez contato com a instituição que aqui se fez presente, que esta peça será levada à praça pública, no domingo pela manhã, às 11h, no Largo Iedo Blaut, junto ao Monumento ao Expedicionário.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, o encaminhamento feito celeremente pela Mesa, da reunião conjunta das Comissões, tramita, absolutamente, autônomo de qualquer necessidade de ver peças ou julgar, já que não cabe às Comissões da Câmara julgar o conteúdo de peças ou material artístico. São duas coisas autônomas e que não são procedimentos da Casa, mas da autonomia de cada Vereador ou Vereadora.

 

O SR. PRESIDENTE: Registro a manifestação de V.Exa., bem como fiz em atenção também às manifestações do Ver. João Carlos Nedel, que manifestou interesse em ver a peça, dentro do absoluto espírito de liberdade de pensamento, da expressão e da manifestação cultural, deixando os critérios de avaliação ao foro íntimo de cada um dos Srs. Vereadores, sobretudo na sua condição de cidadãos.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Se o produto da peça for ofensivo à Brigada Militar, ela tem que entrar na Justiça, e não reprimir.

 

O SR. PRESIDENTE: Este Vereador manifesta a sua concordância com a observação precisa e pontual de V.Exa., Ver. Cláudio Sebenelo. Vamos suspender os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h37min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn - às 14h40min.): Estão reabertos os trabalhos.

Passamos para a

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

                 1ª SESSÃO

 

PROC. 1517/96 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/96, de autoria do Ver. Pedro Ruas, que dispõe sobre a obrigatoriedade de uso de bancos estofados nos ônibus que realizam o transporte coletivo de passageiros e dá outras providências. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 0863/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 031/97, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre as penalidades a que se sujeitam os infratores às disposições referentes ao estacionamento temporário pago, Área Azul, instituído pela Lei nº 6.002, de 02.12.87, e dá outras providências.

 

PROC. 1030/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 044/97, de autoria da Verª. Maria do Rosário, que institui a meia-entrada escolar para o ingresso nos estabelecimentos cinematográficos existentes no Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1069/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/97, que altera dispositivos das Leis nºs 4629, de 23 de novembro de 1979, e 6063, de 30 de dezembro de 1987, que dispõem sobre a concessão de reajustes tarifários para o serviço de táxi.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 2583/95 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 005/95, de autoria do Ver. João Verle, que altera a redação do art. 19 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (cargos em comissão - incompatibilidade para provimento) (desarquivado a requerimento do Ver. Guilherme Barbosa)

 

3ª SESSÃO

 

 PROC. 0604/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/97, de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, que denomina Rua Raul Cauduro um logradouro irregular localizado na Vila Batista Flores, no Bairro Protásio Alves.

 

PROC. 0908/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que estatui normas para a elaboração e controle dos Planos Plurianuais, das Diretrizes Orçamentárias, dos Orçamentos anuais e Balanços da Administração Direta e Indireta do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 0925/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/97, que autoriza a dissolução da Empresa Porto-Alegrense de Turismo S/A - EPATUR e dá outras providências.

 

PROC. 0931/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 035/97, de autoria do Ver. João Dib, que denomina Rua João Francisco Martins um logradouro irregular localizado no Loteamento Residencial Joframa, no Bairro Jardim Itu-Sabará.                

5ª SESSÃO

 

PROC. 0687/97 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que acrescenta parágrafos ao Art. 119 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá outras providências. (exposição das contas do Município ao contribuinte)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, lei deve ser clara, precisa, concisa, respeitada e fiscalizada. Até porque, quando não respeitada, mas, principalmente, quando não se fiscaliza o cumprimento da lei, acontecem as coisas que esta Casa corriqueiramente nos apresenta.

Há mais um Vereador que dispõe, no seu Projeto de Lei, sobre “a obrigatoriedade de uso de bancos estofados nos ônibus que realizam o transporte coletivo de passageiros e dá outras providências”.

Em 1964, o ex-Vereador, o ex-Vice-Prefeito, o ex-Secretário Municipal dos Transportes Glênio Peres apresentava um Projeto de Lei, na Câmara, oriundo da Secretaria que ele comandara, proibindo qualquer outro tipo de assento que não fosse estofado. Então, como eu dizia, basta que se faça a fiscalização da lei, basta que a lei seja cumprida. Não há necessidade de gastar dinheiro, tempo dos Vereadores que representam o povo para fazer mais um projeto de lei que se soma ao do Ver. Jocelin Azambuja.

O Ver. Cyro Martini dispõe sobre penalidades a que se sujeitam os infratores das disposições referentes ao Estacionamento Temporário Pago - Área Azul. É um problema muito sério e S.Exa., que já foi Diretor do DETRAN, sabe que há dificuldades em estabelecer essas punições. A Prefeitura não está conseguindo. É preciso que transfira para alguém  da Polícia Militar para que sejam emitidos autos de infração. De qualquer forma, S.Exa. traz à tona um problema que deve ser resolvido. E devo dizer que o primeiro Vereador a falar em estacionamento temporário pago nesta Cidade fui eu, em 71 e 72. Apresentei o Projeto de Lei, aprovado com o Substitutivo do Ver. José César de Mesquita, que dizia que o estacionamento temporário deveria ser gratuito. Terminou não acontecendo nada. Hoje, acho que talvez para o Sindicato de Zeladores de Automóveis ficaria muito bem realizar este serviço que a Prefeitura está prestando à Cidade, mas que é muito oneroso para a Prefeitura. Os custos não são cobertos pela arrecadação da Área Azul. Talvez se se entregasse aos zeladores de automóveis, pudesse haver um bom trabalho e liberar muitas das coisas que estão aí.

Um dos mais sérios problemas em matéria de trânsito nesta Cidade é o desrespeito à sinalização, e aí a Brigada Militar é ineficiente, mas acho que a Secretaria Municipal dos Transportes também é muito ineficiente, porque cabe à Secretaria exigir a fiscalização da Brigada Militar no respeito à sinalização. Lá está a 24 de Outubro, um binário infernal para muitos moradores, bom para os que têm que passar pela 24 de Outubro, com a sinalização dizendo: “Estacionamento proibido das 6 às 20 horas”. Está todo mundo estacionando lá. Então, não adianta infernizar a vida de um para favorecimento de outro que não respeita a sinalização.

E a minha querida Vera. Maria do Rosário propõe meia entrada escolar para ingresso em estabelecimentos cinematográficos, de 2ª a 5ª feira, e excetua até dois tipos de eventos para os quais não teriam direito a esse benefício: os espetáculos beneficentes e os espetáculos pornográficos. Todos os estudantes vão ficar muito bravos. Eles querem ir no Cine Carlos Gomes e ter 50% de abatimento. A Procuradoria da Casa diz que não cabe à Câmara legislar sobre esta matéria. Evidentemente, o Plenário há de se posicionar.

Há um Projeto de Lei do Executivo sobre táxis, que deve ser muito bem estudado, já que o Executivo várias vezes informou que estava aqui e, note-se, apenas hoje entrou em Pauta pela primeira vez. Então, deve ser muito bem estudado porque, inclusive, disseram que em 10 dias seria resolvido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta de hoje há uma série de projetos importantes, a começar pelo Projeto do Ver. Pedro Ruas, do qual me ocuparei em outra Sessão, que dispõe sobre “obrigatoriedade de uso de bancos estofados nos ônibus que realizam o transporte coletivo de passageiros e dá outra providências”. O tema tem sido matéria de discussão na mídia e eu tenho dito que “stricto sensu” o que nós teríamos que fazer era responsabilizar o ex-Secretário de Transportes ao tempo de Olívio Dutra, Sr. Diógenes de Oliveira, pela infração do dispositivo legal, porque ele não tinha nenhuma autoridade  para ter permitido a inclusão de veículos nessas condições na frota de ônibus de Porto Alegre e, se o fez, o fez com infração da lei, porque a lei vigente é muito clara, ela diz como os bancos devem ser, não diz que os bancos poderiam ser de fibra de vidro. Conseqüentemente, o Sr. Diógenes de Oliveira cometeu infração e, como autoridade pública, deveria ser responsabilizado.

Mas quero me ocupar especialmente hoje do Projeto de autoria do Ver. Cyro Martini, que retoma a questão da Área Azul, que o Ver. Elói Guimarães bem conhece, que eu bem conheço, o Ver. João Dib, enfim, todos os que, em algum momento, assumimos a Secretaria Municipal dos Transportes. A Área Azul tem uma contradição já a partir da SMT e da Cia. Carris Porto-Alegrense, que é por ela responsável, concretamente, na sua execução. Como um fiscal da Área Azul vai responsabilizar um motorista que venha a estacionar sem pagar a taxa ou sem expor o bilhete se, em determinado momento do correr da jornada, o fiscal não se encontra em serviço, e nenhum fiscal se encontra em serviço? Essa é a questão básica, e exemplifico. Há um interregno de meia hora, aí por 12h30min e 13h, em que não existe nenhum fiscal na Área Azul em serviço, porque se faz a troca de turno; saem uns e, até chegarem outros, fica sem ninguém. E aí eu me pergunto: como, depois, vai-se responsabilizar? Ninguém é obrigado a trazer um talão, permanentemente, dentro do porta-luvas do carro, ou em qualquer outro local, para utilizar na hora em que estacione. Se a Prefeitura exige o cumprimento de algo, evidentemente ela tem que dar condições desse algo ser cumprido. Se o seu funcionário, que é seu representante, não está ali para fazer cumprir, evidentemente, quando é público, não pode depois cobrar do cidadão.

Levanto essa questão, Sr. Presidente, porque isso já aconteceu comigo. Em algum momento em que tive que ir até a Rádio Guaíba, estacionei na Rua Caldas Júnior, no espaço da Área Azul, e quis procurar o fiscal para adquirir o bilhete. Tinha acabado o meu talonário, e eu não tive essa condição, não foi possível achar um fiscal. E depois, conversando com o Secretário dos Transportes, me informava o Secretário Bertotto que, de fato, existe um buraco de horário. Os fiscais não atuam corrido o dia inteiro. Aí começa um problema.

Mas eu vejo a legislação proposta pelo Ver. Cyro Martini, que tem algumas coisas das quais eu gosto muito, mas tem outras que me parece que S.Exa. ou está criando um serviço novo na Prefeitura ou está gerando problemas para a Prefeitura, quando, por exemplo, levanta a questão do guincho e diz que o carro será guinchado, imagino eu, pela Prefeitura - ou o fiscal da Carris vai chamar um desses guinchos particulares, como faz hoje o soldado da Brigada Militar quando está em serviço: autua e chama um guincho, que, diga-se de passagem, vem numa velocidade fantástica, parece que estava voando em torno, pousa imediatamente?

De toda maneira, ocorrido isso, pelo que se depreende da legislação proposta pelo Ver. Cyro Martini, a Prefeitura tem que montar um pátio para recolher veículos, já que o Ver. Cyro Martini não pode dispor sobre guinchamento em relação ao DETRAN, por exemplo. Não nos cabe fazer isso.

 

O Sr. Clovis Ilgenfritz: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para esclarecer: V.Exa. aprova que haja uma fiscalização da Brigada com relação à Área Azul ou não?

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Ver. Clovis Ilgenfritz, a minha posição sempre foi clara, desde que fui Secretário, em 1989. Tentei, o Ver. Elói Guimarães tentou, sei que houve outras tentativas de vários Prefeitos, que se concretizasse aquele acordo, aquele convênio entre Prefeitura e Brigada Militar, pelo qual a Brigada Militar abriria mão desse serviço, repassando para um serviço especializado da Prefeitura. Esta posição eu defendo sem problema, porque tenho visto que em São Paulo e em cidades do interior de Santa Catarina e do Paraná funciona perfeitamente. Sabemos que o novo Código Nacional de Trânsito prevê esse tipo de coisa. Manda, inclusive, acontecer. Temos que discutir por que a Brigada, até hoje, tem resistido a fazer esse encaminhamento, a esses convênios. A legislação que o Ver. Cyro Martini propõe é a nossa oportunidade de levantar de novo a questão e pressionar para que se possam encaminhar soluções. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra  para discutir a Pauta.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho à tribuna para comentar o Projeto do Ver. Pedro Ruas. Em primeiro lugar, como usuário. No momento da implantação dos bancos de fibra de vidro na Cidade, enquanto usuário acompanhei esse debate por discordar da implantação e vi, na argumentação dos empresários do setor, na época, que Porto Alegre renovava a frota de veículos de forma acelerada. Portanto, em alguns ônibus não se tinha a possibilidade de colocação de bancos estofados. Viu-se, num segundo momento, que, em alguns veículos coletivos, foram instalados bancos de fibra de vidro e a eles estavam acoplados assentos estofados. A intenção do Ver. Pedro Ruas, no meu entendimento, é positiva. O trabalhador não luta mais só pela quantidade de veículos, mas pela qualidade deles. A Cidade é outra e a situação do transporte coletivo é outra também. Os bancos estofados são um fator de qualidade importante.

Gostaria de destacar, também, como já disse o Ver. João Dib, que existe lei que proíbe a instalação de bancos de fibra de vidro e  obriga a instalação de bancos estofados. A proposição do Ver. Pedro Ruas vem se somar à legislação de Porto Alegre que já contempla este assunto.

Para finalizar, gostaria de fazer um debate com V.Exas. sobre o caso Britto/GM. Tenho um documento e gostaria de distribuí-lo para os Vereadores. São interessantes as denúncias que são formuladas no documento, e considero que a Câmara deva tomar conhecimento e fazer o debate. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a matéria sobre a qual versa o Projeto que eu tive a honra de apresentar a esta Casa diz respeito a uma lacuna flagrante no que concerne à Legislação Municipal e à coação, à pressão para que se respeitem as normas municipais. É óbvio que não cabe de plano ao Município discutir sobre a aplicação da legislação que a ele incumbe aplicar e fazer observar; é óbvio que não cabe a ele perguntar ao Estado e à Federação, Governo Central ou Governo Estadual, em que termos vai aplicá-la. O Município tem que providenciar. Há muito tempo, a Área Azul, o estacionamento rotativo, o estacionamento temporário, o estacionamento pago foi instituído através da Lei nº 6.002, em 1987; possui, portanto, dez anos, e até hoje o Município não descobriu uma coisa simples: para fazer observar a lei, faz-se necessário aquilo que, na Comissão de Constituição e Justiça, se fala em termos de cogência, de coerção, de imposição para se respeitar a lei. Se não há instrumento legal de tal modo que obrigue o recalcitrante, aquele que não quer obedecer, se não há nada que o obrigue a respeitar, é evidente que essa lei não tem poder e força para se impor. Por isso, estamos aqui defendendo algo que para mim é simples e claro: não há por que se discutir  se cabe ou não.

Com relação à legislação de trânsito, ela abrange todo esse espaço também, mas, se ficarmos perguntando se o policial de serviço está ou não disposto a exercer a sua função no sentido de autuar, parece-me descaber ao Município. Ao Município cabe, através da sua fiscalização, colocar, obrigar o cidadão a cumprir e respeitar a sua lei. Como é que procede o Município com relação à saúde? Vai perguntar ao Estado se pode ou não obrigar o cidadão a cumprir as suas normas pertinentes à saúde? Não, fazem-na executar. Vai perguntar sobre um Código de Edificações? Não, ele impõe o Código de Edificações.

 

O Sr. Hélio Corbellini: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Esse seu Projeto é bem-vindo neste momento, porque abre uma discussão que necessariamente nós vamos ter que fazer. V.Exa. deve estar bem informado de que, o mais tardar até junho ou julho, o Congresso Nacional aprovará o novo Código Nacional de Trânsito. E no novo Código está bem claro que a fiscalização do Trânsito será municipalizada, o que resolve, de pronto, todas essas questões, porque, a partir daí, serão desnecessários esses convênios que a Prefeitura tanto tenta fazer com as autoridades estaduais e não consegue. Considero que isso antecipa um debate para começarmos a preparar uma legislação adequada aos novos regulamentos que vêm por aí.

 

O SR. CYRO MARTINI: Agradeço o aparte de V.Exa., entretanto, quero deixar bem claro que a fiscalização do Estado é uma, e a fiscalização do Município é outra. Por mais rico que seja o novo Código Nacional de Trânsito que está por vir - transferirá a fiscalização concernente às infrações em estacionamento, em parada...-, ainda assim me parece que há questões de infrações que estão fora do raio de visão da legislação federal, como, por exemplo, a alteração no cartão; isso aí sempre está fora. E aí me parece que há até uma infração mais séria, que temos de examinar com mais cuidado. Nós voltaremos a falar nesse assunto, e eu insisto, só para deixar bem claro: se o Município autua sobre edificação, sobre saúde, por que não sobre a Área Azul? Não tem cabimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sou obrigado a me manifestar sobre o Projeto que envolve a questão dos bancos de fibra. Em 1993, quando entrei nesta Casa, iniciei uma abordagem da matéria, fizemos um Projeto de Lei, acabou esta Casa aprovando e o Governo vetou a parte mais importante. Lamentavelmente, as alegações do Prefeito Tarso Genro, na época, foram tão tristes que até gostaríamos de apagar da história. Ele disse que a retirada dos bancos de fibra criariam despesas para as empresas de ônibus. Mas, paralelamente a isso, fez um acordo com as empresas de ônibus para que elas mudassem a cor dos ônibus. Foram mudadas as cores, que até hoje não agradaram a quase ninguém.

A segurança, que era a questão fundamental na retirada dos bancos de fibra, foi colocada de lado, e os trabalhadores podem continuar viajando mal acomodados na Cidade de Porto Alegre, sendo torturados nos bancos de fibra. O Projeto foi aprovado em parte, e a questão fundamental, que era a substituição dos bancos, não foi. O Ver. João Dib disse que já há legislação pertinente. É verdade, existe uma legislação que estabelece como devem ser os bancos estofados, só que essa legislação não preserva um aspecto importante, que é permitir que se tenham nos ônibus bancos de fibra, mas com estofamento. Está provado que o banco de fibra tem características positivas em alguns aspectos. Mas existem bancos de fibra que têm o estofamento no assento e no encosto e que já estão sendo utilizados em ônibus de Porto Alegre.

No dia 28 de fevereiro, quando assumi, nesta Casa, em substituição ao Ver. Paulo Brum, ingressei com um Projeto de Lei prevendo a substituição dos atuais bancos de fibra por bancos de fibra com estofamento. Já tramitou, já passou na Pauta e já foi discutido por alguns Vereadores, e, agora, eu vi um outro projeto de lei. Pelo que me consta, iniciamos uma Legislatura nova. Então, pedi esclarecimentos à Diretoria Legislativa, porque, se ingressei com um projeto no dia 28 de fevereiro, não poderia ser desarquivado outro agora, que é o do Ver. Pedro Ruas. Mas, como é uma matéria que eu discuto desde 1993, achei que deveria continuar a discuti-la. Foi uma luta que empreendi durante muito tempo. As empresas de ônibus têm feito substituições, mas extremamente morosas, que não têm atendido ao interesse da população. Então, esse Projeto, no qual trabalho desde aquela época, busca justamente fazer isto: dar conforto aos passageiros, evitar - como disse o Ver. Antonio Hohlfeldt - as bolinações laterais - a palavra pode ser gozada, mas é a verdade: as senhoras passam constrangimento nos ônibus, os cidadãos passam constrangimento, as pessoas de idade escorregam e caem quando os ônibus fazem as curvas, já que nem todos os motoristas são diligentes na condução dos veículos e, muitas vezes, fazem curvas com atuação mais forte e acabam derrubando os idosos dos bancos. Quando ocorre um acidente, se existirem bancos somente de fibra, existe o risco de esses se tornarem uma lança.

 

O Ver. João Dib: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas vou repetir o que já disse reiteradas vezes neste Plenário: não há nada que impeça que os bancos de fibra recebam estofamento. Dou uma sugestão a V.Exa.: faça um Pedido de Informações à Secretaria Municipal de Transportes para saber quantos ônibus utilizam os bancos de fibra e encaminhe à Comissão de Justiça para sabermos o que deve ser feito com essa gente que, de repente, se transformou em gerente de vendas da Marco Pólo, por exemplo.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Ver. João Dib, enquanto não houver uma decisão desta Casa a respeito da matéria, a coisa vai-se arrastar indefinidamente. O que não podemos é deixar os passageiros de Porto Alegre em desconforto e em insegurança total. É isso que precisamos fazer. Então, a busca, com o nosso Projeto de Lei, para concluir, Sr. Presidente, é fazer com que seja preservada a retirada imediata dos bancos de fibra dos ônibus, em processo gradativo, até que não tenhamos nenhum banco de fibra. E aguardo, da Diretoria Legislativa, a informação sobre qual processo está vigorando. Entrei com um no dia 28 de fevereiro. Agora, há outro, e vou aguardar o esclarecimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está encerrado o período de Pauta.

Em tempo de Liderança, tem a palavra o Ver. Carlos Garcia que, por sinal, é nosso ilustre 3ª Secretário de Mesa, que representou esta Casa na abertura do Seminário Nacional Escola-Cidadã: Aprendizagem Para Todos, que aconteceu no Salão de Atos da UFRGS, hoje pela manhã. Foi um ato importantíssimo, o qual o Vereador já relatou a esta Presidência. Estamos fazendo o possível para dividir com os outros membros da Mesa e também com os Vereadores que não fazem parte da Mesa essas questões de representação.

O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, conforme relato do Presidente, pela manhã, estivemos na abertura desse Congresso nacional. Causou-nos satisfação o fato de estarem participando do evento mais de dois mil e quatrocentos docentes de todo o Brasil.

Como não tivemos oportunidade de nos pronunciar por ocasião da Pauta, utilizaremos o tempo de Comunicação de Liderança para abordar três assuntos que achamos importantes. O primeiro é relativo à situação da EPATUR. Gostaríamos de voltar àquele fato, que, pelo menos para nós, foi algo muito agradável, ou seja, saber que o Município recebe mais visitantes estrangeiros do que a própria Bahia, mais especificamente a Cidade de Salvador. Achamos que esse trabalho cada vez mais tem que ser divulgado e que a EPATUR não deve ser dissolvida.

O segundo ponto que gostaríamos de referir diz respeito ao Projeto de Lei da Vera. Maria do Rosário, que institui meia-entrada escolar para ingresso em estabelecimentos cinematográficos. Queremos informar à Vereadora, inclusive, que estamos entrando com uma Emenda ao seu Projeto estendendo essa meia-entrada a todos os professores. Por que isso? Pelos baixos salários do corpo docente e também porque o professor é alguém que tem o dever de informar e passar cultura às pessoas. Por isso entendemos que eles também devam ser contemplados. Gostaríamos que os trabalhadores deste País ganhassem o suficiente e não fosse necessário criar lei que instituísse meia-entrada. Este é realmente o nosso desejo. E, como último item, que gostaríamos de relatar, temos  a Lei Orgânica do Município: Emenda do Ver. João Verle, que foi desarquivada pelo Ver. Guilherme Barbosa, relativa à famosa lei antinepotismo. Nós entramos com o Pedido de Informações, solicitando ao Poder Executivo o que segue: “Solicitamos que seja informado o número de funcionários Padrão CC, setor e função, lotados no gabinete do Prefeito, do Vice-Prefeito, nas secretarias e departamentos municipais, autarquias, fundações instituídas ou mantidas pelo poder público, empresas públicas ou sociedades de economia mista no âmbito do Poder Executivo Municipal”. Por que nós estamos solicitando isso? Entendemos que a questão do nepotismo transpassa a questão familiar, a questão do favorecimento ao excessivo número de Ccs, não só no Município de Porto Alegre, como em todos os Municípios, órgãos do Estado e da União.

Nós entendemos que esses cargos em comissão, que estão fora das suas funções, devem ser extintos, abrindo-se concursos. Esse é o nosso desejo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não poderia deixar de vir a esta tribuna para dizer que estou lamentando a postura da Brigada Militar de não querer sair de dentro dos quartéis. Essa é a grande realidade que nós estamos vivendo. Os nossos policiais militares da Brigada adoram ficar nos quartéis. Mesmo que se diga que um número maior de policiais foram para as ruas da Cidade, na prática nós não estamos vendo isso. Causou-me surpresa a postura do atual Comandante da Brigada Militar, depois de um esforço nosso de três anos para liberar uma área aqui no Parque da Harmonia para implantar um Pelotão Hipo, ou seja, um pelotão que seja a extensão do 4º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar, que fica lá na Aparício Borges. Nós conseguimos o mais difícil, que era liberar com a Secretaria  de Meio Ambiente a área para a colocação do Pelotão Hipo; conseguimos a aprovação do Comandante da Brigada Militar, depois de passar por três Comandantes, com o Cel. Balem, ex-Comandante da Brigada Militar, que aprovasse o projeto de implantação; conseguimos, com uma dificuldade extrema, convencer o 4º Regimento, o Cel. Jobin, que o dirige, que aqui se instalasse, então, o Pelotão; conseguimos algumas empresas privadas, que se dispunham a colaborar  com a Brigada Militar para construir o Pelotão Hipo, aqui no Parque da Harmonia, com toda a infra-estrutura para que os brigadianos pudessem, de imediato, estar fazendo o policiamento no Parque Marinha, no Parque da Harmonia, no Parque da Redenção, nas áreas centrais da Cidade.

Em todas as principais cidades do mundo, nas grandes capitais - e temos como exemplo Nova Iorque, Miami, Paris, Roma, enfim, no mundo inteiro -, o policiamento a cavalo é feito nas áreas centrais, e aqui em Porto Alegre, numa atitude inexplicável, o atual Comandante da Brigada Militar simplesmente vetou a implantação do Pelotão, que já estava aprovado pelo ex-Comandante, aqui no Parque da Harmonia, prejudicando a população de Porto Alegre, deixando de dar um policiamento eficiente, gastando o dinheiro público, o que também é grave, porque pegam os policiais para sair a cavalo lá da Bento Gonçalves, trazendo até os locais onde vão efetuar o policiamento, ou, então, através de um caminhão, que a Prefeitura de Porto Alegre deu, com o dinheiro do Conselho de Segurança Municipal. A Prefeitura deu um ônibus, mas ele só transporta quatro cavalos, com que, evidentemente, não se pode fazer um policiamento eficiente.

Esse Pelotão também é responsável pelo policiamento do Palácio do Governo. Ora, como seria fácil policiar o Palácio do Governo com o Pelotão aqui do lado! Criaram um mecanismo, dentro da Brigada Militar - e o atual Comandante foi conivente com isso - de simplesmente impedir que se instale o Pelotão Hipo aqui no Parque da Harmonia, prestando um desserviço à população de Porto Alegre. Nós clamamos por segurança e, quando se consegue  convencer o Governo do Estado, o Governo Municipal, a própria Brigada Militar, aí mudam o comando, e o novo Comandante diz que não quer. Ora, isso é brincadeira.

Então, estou fazendo um encaminhamento ao Governador do Estado, pedindo providências contra o ato da Brigada Militar, que não quer sair de dentro dos quartéis. Claro que é muito mais tranqüilo para o brigadiano ficar uma hora e meia andando a cavalo para se deslocar até um determinado ponto, mais uma hora e meia para voltar e depois ele faz duas horas de policiamento; não se arrisca, não se preocupa com o bandido, com nada. Muito fácil, não é, Cel. Pedro Américo Leal? O que é preferível: ir lá enfrentar os bandidos ou ficar dentro do quartel? É claro que todo mundo prefere ficar dentro do quartel. Se vamos ao 11º BPM, nós vemos brigadianos se pechando. E nas ruas, onde está o policiamento? Porto Alegre precisa de segurança, mas precisa que os brigadianos estejam  nas ruas. Eu não posso admitir que o comandante da Brigada Militar, numa atitude impensada, contra a população de Porto Alegre, tenha vetado a implantação do Pelotão Hipo aqui no Parque da Harmonia. Não sei a que interesse isso serve, a não ser de fazer com que os homens da Brigada não façam o policiamento em Porto Alegre e fiquem dentro dos quartéis, porque área como essa nunca mais vão ter na vida. É um absurdo o que se está fazendo! Não se quer dar segurança à população de Porto Alegre e prefere-se guardar os brigadianos dentro dos quartéis. Ruim para Porto Alegre.

Eu peço a todas as bancadas desta Casa o apoio nesse sentido, porque isso é interesse da Cidade. Nesse sentido, o Executivo e o Legislativo apoiaram, mas há a necessidade de uma mobilização para vencer o atual Comandante da Brigada, que mostrou uma atitude inaceitável, até porque ele tem o laudo de aprovação da própria Brigada Militar em todas as suas instâncias. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa quer fazer um convite em nome do Prefeito Municipal que, hoje pela manhã, em contato com esta Presidência, pediu para ter uma audiência com a Presidência, com a Mesa e com as Lideranças da Casa, se possível, amanhã, às 14h30min, numa visita rápida. Ele traria aqui um assunto muito importante para Porto Alegre, que é a questão relacionada com o porto de Porto Alegre. Eu estou fazendo o convite por escrito para todos os Líderes e membros da Mesa, aberto a todos os que quiserem participar. Na verdade, já estamos adiantando aqui o convite.

O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje eu não tinha exercitado o meu espírito conciliador, mas vou fazê-lo agora. Eu devo, Sr. Presidente, e estou-me dirigindo a V.Exa., dizer que não debati com V.Exa. a maldade da Mesa, ou de quem seja, com 14 Vereadores, especialmente com aqueles oito que votaram contra a atual Mesa, que estão prejudicados, lesados, em número de auxiliares em seus gabinetes. Quartoze têm três, dezessete têm quatro e dois têm cinco. Eu vou continuar falando nisso por muito tempo, mas não debati com V.Exa. como diz o “Correio do Povo”. Portanto, V.Exa. não poderia ter dito para mim que ninguém foi prejudicado, porque V.Exa. não diria - eu conheço o seu espírito.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Prefeitura publicou um livro que não adiciona nada à cultura  da Cidade porque não conta a história dos participantes do movimento sem-terra, apenas coloca músicas no movimento sem-terra, e músicas muito elucidativas. Por exemplo: “Nossa primeira tarefa é ocupar toda a terra produtiva. A segunda tarefa é resistir, entrar bem organizados, enfrentar para não sair”. Isso é uma das mais modestas peças que estão aqui.

(O Ver. Renato Guimarães dá aparte anti-regimental inaudível.)

 

Eu leio o que está escrito, eu não preciso ser orientado pelo PT para o que vou ler. Eu tenho que ler da maneira como encontro aqui. Agora, esta Casa tem o problema da revista “Dum-Dum”, que é semelhante. Apenas na “Dum-Dum” a Prefeitura forneceu o papel, aqui a Prefeitura imprimiu o livro. E o que diz a Comissão de Inquérito? A Comissão de Inquérito encaminhou ao Ministério Público, o Ministério Público encaminhou à Justiça. Eu perguntei, mas ainda não tenho resposta do que aconteceu na Justiça. Os dois casos são semelhantes, mas não são iguais. Aqui a Prefeitura imprimiu o livro - não sei onde - e seis Vereadores já fizeram o Pedido de Informações: Pedro Américo Leal, João Carlos Nedel, Clênia Maranhão, João Dib, Fernando Záchia e Antonio Hohlfeldt. No Pedido de Informações nós queremos todos os detalhes dessa operação “livro da Prefeitura para os sem-terra”.

Naquele processo da Comissão Parlamentar de Inquérito estão as nove atribuições  da Secretaria de Cultura do Município, e em nenhuma delas se enquadra o livro, até porque, ontem, a nobre e querida Secretária de Cultura dizia que realmente cumpre as normas, mas de repente excede, vai um pouco além e no pouco além são essas coisas...

O Decreto - Lei 201 diz: “São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara de Vereadores” - cidadãos podem encaminhar ao Ministério Público para que ele esclareça - “...Apropriar-se de bens ou rendas públicas ou desviá-los com proveito próprio ou alheio...” O proveito próprio foi incluir o nome das figuras aqui no livro, o alheio é o MST. “...Empregar subvenções, auxílios e empréstimos ou recursos de qualquer natureza em desacordo com os planos ou programas a que se destinam...” Ora, se não está dentro das atribuições da Secretaria, mas sim um pouco além, eu acho que o Ministério Público deveria examinar um pouco melhor mesmo. Acho que nós tínhamos de cuidar  de encaminhar ao Ministério Público. “Ordenar ou efetuar despesas não-autorizadas por lei...” Claro, se não é atribuição da Secretaria, não pode ter lei autorizando. “...ou realizados em desacordo com as normas financeiras pertinentes.”

O Prefeito diz que o livro custou 80 centavos - oitenta páginas, capa com quatro cores de papel gessado de primeira qualidade. Custou 80 centavos cada livro! Só a Prefeitura para fazer esses milagres!

Temos realmente, que verificar o que está ocorrendo. Fizemos um Pedido de Informações, e  espero que o Prefeito não use os 30 dias - como foram usados com a agilidade da administração da Prefeitura em trazer o projeto do porto, em trazer o projeto dos táxis - e responda, no máximo, em dez dias, e não use os 30 mais 15 como de hábito faz. É isso que quero que essa Administração que está aí, do Partido dos Trabalhadores, esclareça a esta Casa. E até esclareça como se fará o ressarcimento, como ingressará na receita da Prefeitura a venda dos livros em que ele diz que são R$ 2,50 para o MST e 2,50 para a Prefeitura um livro que custou 80 centavos. É o que gostaria de saber, e as notas fiscais dirão que sim ou que não. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib repete a dose, porque já na revista “Dum-Dum” ele tomou as mesmas medidas. E  num debate muito elevado e claro que fizemos, ontem, na TV Com, também com a presença da Vera. Clênia Maranhão, da Secretária Municipal da Cultura Margareth Moraes, o Ver. João Dib, com a elegância que lhe é peculiar - embora as diferenças que temos -, disse que a minha palavra bastava. Mas fiz questão de que não ficasse só na palavra e trouxe aqui o Acórdão que resolve a questão suscitada pelo Ver. João Dib à época.

 

 (Aparte anti-regimental do Ver João Dib.)

 

Então, não. Então, suscitada pela revista “Dum-Dum”, onde é absolvido o ex-Prefeito Olívio Dutra de todas as acusações que foram formuladas. Inclusive houve até  uma CPI na Câmara de Vereadores sobre o episódio. Eram duas mil folhas. E o Ver. João Dib, apesar de ter o processo em mãos, não tinha essa informação. E agora essa situação, de novo, é retomada. E gostaria de dizer por que ela é retomada. O livro, publicado dentro da política editorial da Prefeitura de Porto Alegre, já previsto em 1996, agora virou uma celeuma por quê? Por um ato de mudar de assunto. É preciso mudar de assunto, é preciso que se fale em outra coisa e não nos 253 milhões  depositados na conta da General Motors. É isso, a meu juízo.

Vim para fazer um debate sobre a revista e as canções do MST. Eu solicitei cópia do Pedido de Informações, pois quero ver os termos em que está colocado. Em nome do PT, quero assinar esse Pedido de Informações ao Prefeito Municipal. A Bancada inteira vai assinar, e estou entrando com uma Moção de Solidariedade ao Dep. Flávio Koutzii pelo seu Pedido de Informações e pedindo ao Governo do Estado que esclareça, que responda a esse pedido do Deputado para que tenhamos, no Município e no Estado, a mesma determinação no esclarecimento, na divulgação e na defesa de opiniões até diferentes, mas que não tenhamos dúvidas sobre a utilização legal de recursos públicos. Seja qual for o valor, é importante o esclarecimento.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores faz questão de secundá-lo nesse Pedido de Informações. E gostaria que V.Exa., Ver. João Dib, também nos secunda-se na nossa solicitação que está dando entrada na Casa, já que devemos ter coerência sobre o controle de verbas públicas. Tranqüila, pacífica  e soberanamente vamos sustentar as opiniões de cada um. Temos a opinião de que a solidariedade  ao movimento, a publicação de canções do movimento, que responde pelos seus atos e responde pelo conteúdo das suas músicas, é um ato importante. Chico Buarque fez duas músicas, Sebastião Salgado, o maior fotógrafo do mundo hoje... Enfim, intelectuais estão se mobilizando à sua maneira, modestamente, no caso da Prefeitura, para apoiar  esse movimento, que até novela, pela TV Globo, na televisão, já inspirou porque é um problema importantíssimos do País e precisamos tratá-lo com seriedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, resolvi ocupar a tribuna cumprindo a minha obrigação, enquanto Vereadora. Tendo em vista que a Cidade, através de várias pessoas, questionava essa publicação da Prefeitura, assinamos um Pedido de Informações. Com isso, estamos procurando acompanhar a discussão que se faz hoje na Cidade e, também, estamos tendo a oportunidade de trazer a esta Casa as respostas dos procedimentos administrativos, a sua legalidade sobre esse tema. O próprio Vereador Líder da Bancada do PT falou que também assinará a questão.

Quero aproveitar a oportunidade, onde se discute o tipo de procedimento usado pela Prefeitura em relação a essas publicações, até porque, no ano passado, tivemos a informação de que as publicações do poema “Parque Farroupilha” não foram  publicadas por falta de recursos. Isso vai nos possibilitar a discussão sobre os critérios utilizados pela Prefeitura para a seleção dos materiais. Acho que é uma possibilidade de ampliarmos a discussão sobre o poder, democracia, e tudo isso. Acho que é uma questão de a Casa acompanhar como sendo sua a responsabilidade.

Porém, o Ver. Gerson Almeida, tanto ontem, como hoje, para responder essas questões que a Prefeitura  ainda não respondeu, traz à tona uma discussão antiga, resolvida na sociedade gaúcha, que é a implantação, no Estado do Rio Grande do Sul, da maior empresa automobilística do Estado, um marco na implantação do setor industrial, num momento decisivo, onde o MERCOSUL se desloca como um real pólo de atração para investimentos dessa área e das empresas correlatas que trazem essa decisão política. O que realmente me espanta é que sempre que a gente discute esse tema voltamos a um outro que já foi aprovado pela Assembléia Legislativa, que foi noticiado na imprensa local e nacional, que, tendo sido aprovado pela Assembléia Legislativa, é uma decisão do Legislativo gaúcho. Diga-se de passagem, o PT votou contra, é legítimo. O Partido dos Trabalhadores votou contra a vinda da GM e foi politicamente derrotado na Assembléia Legislativa. Só que no mundo da política é assim. Nós temos que saber perder - faz parte do jogo. O Prefeito de Porto Alegre disse, textualmente, na imprensa, que não queria a GM. É um direito do Partido dos Trabalhadores ter uma política diferente do Governo do Estado, que trabalha com a política de desenvolvimento do Rio Grande do Sul.

O que me espanta é que é um partido que se diz democrático, quando tem a sua posição derrotada na Assembléia Legislativa, quando o Prefeito de Porto Alegre diz que não quer a GM em Porto Alegre, por contradições impostas, inclusive, em seu partido... O Prefeito do Município de Gravataí dá, inclusive, 30 anos de isenção de impostos. Esse é um caso inédito, inclusive dando isenção de qualquer imposto que for implantado no Município de Gravataí. Mas é uma posição do Prefeito de Gravataí. É uma posição que eu questiono, mas respeito, porque imagino que lá, assim como o Governo do Estado fez, passando pela Assembléia, imagino que o Governo de Gravataí tenha também feito passar pela Câmara. Surpreendeu-me um pouco o texto final da carta que o Prefeito de Gravataí fez para a GM, dando um cheque em branco, dizendo: “E outras coisas mais que se fizerem necessárias ser colocadas pela empresa”.

Vamos ser justos. O que realmente o Deputado Flávio Koutzii não agüentou foi a sua derrota política, foi o fato de o Partido ter assumido uma posição que, depois, pelo respaldo do setor da sociedade gaúcha, foi uma posição, evidentemente, equivocada. E aí retomam a discussão com argumentos falsos. Eu tenho aqui, inclusive, uma nota do PMDB que foi publicada com todas as datas. Isso prova que, se a Bancada do PT na Assembléia Legislativa não sabia do texto, não conhecia o que foi discutido na Assembléia, sinto muito, não foram realmente cumpridores das suas obrigações na Assembléia Legislativa. Agora, querer, porque foi derrotado, porque a sua oposição não foi majoritária na Assembléia Legislativa, porque o Prefeito de Porto Alegre, numa declaração infeliz e obscurantista, se colocou contra a GM, querer com isso fazer  com que a posição do Governo do Estado, respeitado pelo Rio Grande do Sul, seja mal-inspecionada é, no mínimo, uma irresponsabilidade muito grande! Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência estende o convite, feito pela Cia. Etceteretral, que apresenta “Sopa de Palhaços”, com Direção de Nestor Monastério, no Teatro Carlos Carvalho, da Casa de Cultura Mário Quintana, aos sábados e domingos às 16 horas. A estréia foi dia 5 de abril. Os Srs. Vereadores podem trocar este convite por um ingresso. É importante prestigiarmos o Teatro da nossa Cidade.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

RENOVAÇÃO DE VOTAÇÃO

 

PROC. 2698/94 - VETO PARCIAL AO PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 028/94, que institui o Código Municipal de Saúde do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela rejeição do Veto Parcial;

- da CEFOR. Relator Ver. Guilherme Barbosa: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CUTHAB. Relator Ver. José Valdir: pela manutenção do Veto Parcial;

- da CEDECONDH. Relatora Verª. Maria do Rosário: pela manutenção do Veto Parcial;

- da COSMAM. Relatora Verª. Sônia Santos: pela manutenção do Veto Parcial em relação aos Artigos 36, Parágrafo único do Artigo 186, e 200; pela rejeição do Veto Parcial em relação ao Parágrafo único do Artigo 13 e aos Artigos 43, 53, 54, 55, 56 e 146;

- da CECE. Relator Ver. Antônio Hohlfeldt: pela rejeição do Veto Parcial em relação ao Parágrafo único do Artigo 13, Artigos 36, 53, 54 e seus Parágrafos, 55 e seus Incisos, 56 e seu Parágrafo único, e 200; pela manutenção do Veto Parcial em relação aos Artigos 43, 146 e Parágrafo único do Artigo 186.

 

Observações:

- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;

- renovação de votação nos termos do Art. 196 do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM - aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. PRESIDENTE: Na Ordem do Dia de hoje temos a renovação de votação do PLCE nº 028/94. Conforme instrução da nossa Diretoria Legislativa, votam-se, primeiramente, os dispositivos destacados: parágrafo único do artigo 13, artigos 53, 54, 55 e 56 (em conjunto); depois o artigo 36; depois o artigo 200. Após, votam-se os dispositivos não destacados, que é o artigo 43, o artigo 146, e o parágrafo único do artigo 186.

Em votação.

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma vez mais, na tarde de hoje, vamos discutir o Código Municipal de Saúde e mais especificamente dois temas - o tema adstrito ao Veto em relação  aos postos artesianos e o Veto relativo ao recolhimento de sobras de alimentos e sua redistribuição a entidades carentes.

Sobre a questão da alimentação às entidades carentes, já fizemos distribuir, na semana passada, documento do Sindicato dos Nutricionistas, em que essa entidade se coloca, com absoluta clareza, favorável a respeito dessa idéia, inclusive chamando a atenção para o fato de que não fazer nada seria uma posição cínica no sentido de se manter a recolha de comida natural - sem nenhum controle, sem nenhuma fiscalização - por parte de pessoas necessitadas, diretamente na lata de lixo.

Insisto que o que queremos fazer é, pura e simplesmente, possibilitar a discussão junto à Secretaria da Saúde e, em primeiro momento, em caráter provisório, que vai ser definido pela própria Secretaria da Saúde sobre condições que a própria Secretaria da Saúde vai definir, sem  prazo prévio. O art. 36 é bem genérico exatamente para mostrar a nossa seriedade na implantação da idéia, com a contribuição do Ver. Cláudio Sebenelo que, na direção do Hospital Conceição, desenvolveu um projeto semelhante, que é tipicamente um projeto experimental, numa pequena área da Cidade, que não pretende resolver o problema da fome no País, mas pretende, sim, encaminhar algumas alternativas.

Sobre a questão dos poços já falamos muito. Ouvimos, na segunda-feira, o Prof. Dr. Mário Brech, que, inclusive, teve a gentileza de nos enviar hoje pela manhã um documento comentando especificamente o art. 13,  fazendo algumas colocações que me permito referir aqui rapidamente. Ele levanta a alternativa da água do poço artesiano que existirá se o artigo permanecer, senão, ela desaparece. Ela poderia servir como solução para alguns casos. Por exemplo, em casos de acidentes, ele indaga: “O que fazer se um navio que abastece o pólo petroquímico naufragar ou tiver o seu casco abalroado com sua carga montante da ponte da travessia Getúlio Vargas e o DMAE não poderia fazer a recolha da água?”. Segunda questão: as manutenções periódicas são necessárias e, algumas vezes, vemos o DMAE publicando notas, algumas vezes a CORSAN. O que fazer se há a consertar uma grande tubulação que abastece vários bairros e bairros onde nós temos hospitais? E a questão dos picos de  demanda que se verifica, especialmente, no verão? O que fazer se o clima, como agora, está seco e quente, o verão instalado e, de repente, o sistema do DMAE, como um sistema da corsan, não dá conta? Por fim: e as situações especiais, moradores de fim de rede, onde a pressão é pouca ou nula? Aí temos o caso do Hospital Belém Novo, onde a rede não alcança, e ali não se tem saída, a não ser continuar a usar a água do poço. Nessas questões especiais, chamo a atenção, sobretudo, do Ver. Nereu D’Ávila, que fez a homenagem ao Grêmio Náutico Gaúcho, que, a valer o Veto, nós corremos o risco de proibir todos os clubes sociais de utilizarem poços artesianos na Cidade, porque a retirada pura e simples do artigo torna a interdição e a proibição do poço absolutamente genéricas. Nós temos enfatizada a questão de hospitais, mas me permito levantar que a medida é de tal maneira diacrônica, que a pura e simples manutenção do Veto, o que significa a retirada desses artigos, terá uma conseqüência básica: todos os nossos clubes sociais em Porto Alegre ficarão proibidos de utilizarem água de poços artesianos. Acho que essa é uma questão nova, foi levantada hoje de manhã em conversa com alguns  companheiros de clubes sociais, e que faço questão de trazer, até para eventualmente ouvir a Liderança do PT nessa questão.

Eu reli o art. 13 e os demais artigos e, para mim, fica muito claro: aprovado o Veto, o que temos como conseqüência é pura e simplesmente a interdição de todos os poços. Até aqui discutimos em torno de hospitais, mas na verdade teríamos como conseqüência também todos os demais poços em instituições, inclusive nos clubes de serviço.

Para estes dois enfoques é que eu chamo a atenção, e para a importância desse debate que a Casa está levantando em relação à questão dos poços artesianos.

E é nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que justamente a Bancada do PSDB está fazendo a discussão. Particularmente, eu tenho uma posição muito clara, que é pública, e estamos conversando quanto ao posicionamento final que vamos tomar. Mas, em principio, de fato, isso nos preocupa, porque poderemos gerar conseqüências, em termos da Cidade de Porto Alegre, bastante negativas, sobretudo nesse novo enfoque dos clubes sociais, dos clubes de serviço, que ficariam interditados da prestação de serviços em relação a águas que não precisam, necessariamente, ter o serviço do DMAE, que poderiam ter esse abastecimento alternativo, que seria mais viável para as entidades, com o tratamento que é necessário.

Lembro aqui, inclusive, que a Secretaria da Saúde está tão pouco preocupada com as piscinas dos clubes sociais, que, ao receber a fiscalização sanitária do Estado, abriu mão dessa fiscalização quanto às piscinas dos clubes. Todos os Vereadores acompanharam aqui, no início do verão passado: a Secretaria divulgou uma nota dizendo que não iria fiscalizar piscina de clube social, que os clubes seriam absolutamente auto-suficientes e responsáveis por elas. Ora, se não tem que fiscalizar, a situação, portanto, não é tão grave, não há por que também se proibir o uso da água do poço para esse tipo de serviço. Aí fica a contradição, que eu tenho dificuldade de ver resolvida, encaminhada pela posição do Governo Municipal. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos retomando a votação do Veto a vários artigos do Código Municipal de Saúde, sendo que a primeira votação diz respeito ao Veto do parágrafo sobre o qual o Ver. Antonio Hohlfeldt se manifestou anteriormente. Com exceção desse parágrafo, os demais artigos são exatamente o texto originário do Projeto de Lei que veio à Casa.

Evidentemente, esse registro é importante, porque a razão do Veto, nesse particular, é a alegação de inconstitucionalidade para as decisões do Legislativo da Cidade com relação à matéria. Como se falar em inconstitucionalidade de uma decisão da Casa, que acrescentou um parágrafo a um artigo do Código e aprovou as disposições  que foram estabelecidas em outros artigos exatamente na proposta encaminhada pelo Executivo à Casa? Ora, esse ato não gera  inconstitucionalidade. Em verdade, o que ocorre é a discussão acerca da utilização ou não dos poços artesianos, especialmente pelos hospitais.

Nós, desde o primeiro momento, percebemos esse fato. A presença na Casa do Ver. Carlos Garcia alargou a nossa visão sobre o assunto na medida em que o Vereador nos trouxe o melhor exemplo que podíamos  ter a respeito da utilização de poços artesianos em redes hospitalares, que é o que é feito pelo Hospital Parque Belém há longo tempo. Naquela área de Porto Alegre, nós sabemos que a possibilidade de atendimento pela rede municipal, mantida  pelo DMAE, é extremamente precária. Toda a Casa é testemunha das inúmeras ocasiões em que temos lamentado a interrupção do fornecimento de água no bairro Belém, especialmente nos períodos mais intensos do verão. Então, a utilização desses poços não tem nenhuma vedação legal específica, com água que será devidamente analisada pelas autoridades competentes. E esse é o sentido da Emenda. Além de ser de grande valia econômica, impede que esses hospitais, já debilitados, tenham um gasto extraordinário com a aquisição de água do DMAE. No caso específico do Hospital Parque Belém, a sua utilização é quase inevitável pela irregularidade do fornecimento de água naquela região de Porto Alegre.

Então, quero tentar despolitizar esta discussão, pois parece que estamos insistindo num assunto só para contrariar a posição do Executivo Municipal. Não. A nossa posição tem sido sempre fundamentada em raciocínio razoável, mas que não tem este ranço de estarmos  tomando uma posição por mera teimosia.

O que estamos querendo é que este debate se dê sem nenhum tipo de passionalismo, olhando para o interesse maior, que não é só da rede hospitalar, que é da Cidade de Porto Alegre. Tanto isso é verdadeiro, que a alegação do ilustre chefe do Executivo Municipal, ao oferecer as razões do Veto, não falou em contrário ao interesse público, Ver. Nereu D’Ávila, mas falou em inconstitucionalidade. V.Exa., que é um brilhante jurista da Casa, sabe que nesta matéria, até pelas razões que expus, se alguma coisa não pode ser pinçada, é alegada a inconstitucionalidade.

Por todas essas razões, apelo à Casa para que se coloque de forma despolitizada com relação a este Veto e em função da gama de interesses que envolve, interesses que não são localizados num ou em outro hospital, num ou em outro clube de serviço, mas na população, que, de uma forma ou de outra, é beneficiada pela existência de uma rede que forneça água tratada e adequada para as finalidades a que se dirige. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, demais pessoas que nos acompanham. Eu poderia aqui apresentar, Ver. Elói Guimarães V.Exa. que é um dos nossos orientadores da questão jurídica, as definições do Governo Federal através do Ministério da Saúde, Portaria nº 1.884, e poderia apresentar normas técnicas brasileiras a que a própria Portaria do Ministério se refere; poderia apresentar a Lei Decreto Estadual, todos eles no mesmo sentido e direção, determinando explicitamente que, onde há a rede de abastecimento público, a utilização de água de poço pode-se dar para o uso industrial ou de agricultura. Portanto, se por acaso permanecer o artigo, estaremos aprovando um parágrafo inconstitucional, ilegal, sem nenhuma sustentação jurídica. Eu não sou advogado, mas conheço um pouco de saneamento.

O Ver. Reginaldo Pujol referiu-se ao Hospital Parque Belém. Coincidentemente, Vereador, no domingo, o “Correio do Povo” trouxe uma matéria sobre o Hospital Parque Belém, que diz: “Milton Fermann, da Direção do HPB, explica que a rede de água tratada no DMAE não chega ao Hospital, que conta com um poço artesiano para o consumo diário de 4 mil litros: quando há escassez, um caminhão-pipa do DMAE é acionado. O custo do tratamento é elevado, porque é necessária a manutenção de um engenheiro químico e quatro técnicos”.

O Hospital Parque Belém é atendido por poço. A legislação permite que, onde não há um abastecimento do serviço público, o abastecimento seja feito através de poço, mas agora pede água do DMAE, porque o custo de tratamento de água é elevado. O Hospital não quer continuar mantendo esse custo. O que é que se depreende disso? Para fazer o tratamento de acordo com o que deveria, o custo fica inviável, Ver. Eliseu Sabino. A água do DMAE é barata pela escala de produção, mas a água pode ser utilizada para outros fins e essa não é somente uma posição do DMAE, somente do Executivo Municipal, ou da Direção do DMAE. Técnicos do Departamento aposentados - fui procurado pela Dra. Alfa Teixeira, conhecida Engenheira Química do DMAE - têm uma posição muito forte em relação a isso. Acho que até outros Vereadores também foram procurados. É uma posição de todos os técnicos que conhecem água e tratamento de água. E fala aqui um ex-Diretor do DMAE, que começou a utilizar a água de poço artesiano nessa Cidade, sob o rigoroso controle do DMAE: “Na Pitinga furamos três poços para abastecer a comunidade, mas sob o rigoroso controle do Departamento. E mais ainda: não se trata de posição política isolada do Executivo Municipal. Os jornais, durante o mês de fevereiro, trouxeram farto material sobre a posição da corsan, e quero destacar a matéria do dia 7 de fevereiro de 1997, onde há uma afirmação do Engenheiro da CORSAN. Diz ele: “A maior parte dos locais que usam água de fonte alternativa é também usuário dos serviços da estatal. No entanto, seus usuários acabam optando por abastecimento de poços artesianos para fazer economia” - e chamo a atenção principalmente dos Vereadores Clênia Maranhão e Fernando Záchia - “que coloca em risco a saúde da população”, observa o Superintendente da CORSAN do Litoral Norte Edson Helfesteimer. O Engenheiro da CORSAN no Litoral Norte, chama a atenção para isso, porque o manancial subterrâneo é uma grande riqueza que temos que cuidar muito. Se viermos a poluir esse manancial, não vamos conseguir recuperá-lo. E mais: como foi visto aqui, a intenção não é apenas quanto ao abastecimento dos hospitais, e são sete hospitais em mais de trinta em Porto Alegre - os outros todos utilizam a água do DMAE e não têm seus custos ampliados em face disso. A questão é de saúde pública e os Vereadores desta Casa não podem, principalmente os ligados à saúde pública, não podem colocar em risco a saúde da população, porque não haveria controle dessa água da maneira como deve ser feito. Chamo a atenção do Ver. Cláudio Sebenelo, que é da área da saúde: estaremos colocando em risco a saúde da população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito se fala aqui na questão dos poços artesianos e de que esta liberação poderia colocar em risco a saúde do porto-alegrense. Mas a única coisa que nós queremos, ao derrubar esse Veto e ao fazer permanecer esse artigo dentro do Projeto, é exatamente colocar à disposição dos hospitais mais este recurso a fim de que eles possam utilizar inclusive na limpeza do próprio hospital e em outras áreas que não aquelas que poderiam afetar diretamente a saúde da população, mas que isso pudesse dar ao hospital as condições necessárias para que ele possa sobreviver de uma forma melhor. Então, o que nós queremos, ao derrubar esse Veto, não é, na verdade, atentar contra a saúde do porto-alegrense. Nenhum Vereador seria capaz de fazer isso, de acordo com o discurso que fez aqui o Ver. Guilherme Barbosa. O que querem os Vereadores desta Casa é exatamente fazer com que Porto Alegre possa viver de uma forma melhor e que os hospitais tenham uma melhor condição de sobrevivência.

Eu digo, Ver. Pedro Américo Leal, que nós não somos radicais como, por exemplo, a Bancada Petista se apresenta lá na Assembléia Legislativa. Nós estamos dispostos, por exemplo, a aceitar o Veto com relação ao artigo 200, porque eu acredito que aí o Veto foi muito bem colocado, pois se refere exatamente a alimentos que seriam recolhidos de vendedores ambulantes, e nós ficaríamos sem saber que condições teriam esses alimentos que seriam redistribuídos depois, colocando, aí sim, a população em perigo. Então, esse Veto é correto. A sobra de alimento, no artigo 36, é diferente, pois ela vai ser objeto de um Projeto de Lei que vai ser estudado por setores competentes do Município e que irão dizer, através desse Projeto de Lei, em quais condições esses alimentos poderão ser redistribuídos, depois de arrecadados, e em que condições esses alimentos podem ser recolhidos e depois distribuídos. Será que a Bancada Petista não quer saciar a fome de quem tem fome?

Sr. Presidente, apelei a V.Exa. porque um aparte anti-regimental impediu-me que continuasse a dizer da posição da nossa Bancada na votação dos Vetos que serão votados nesta tarde. Podem não ser opiniões esclarecedoras para o Presidente ou para outras Bancadas, mas para a nossa Bancada é importante que possamos fazer encaminhamentos. Acredito que a Bancada do PTB e a Casa deveriam votar derrubando esses Vetos, exceção feita ao Veto aposto ao art. 200, porque este vem realmente em defesa da saúde da população. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o parágrafo único do art. 13 e os artigos 53,54,55,56. (Após a chamada.) APROVADO  por 17 votos SIM, 14 votos NÃO. Rejeitado, portanto, o Veto a eles aposto.

Em votação o art. 36 do  PLCE nº 28/94. (Após a chamada.) APROVADO por 18 votos SIM, 07 votos NÃO e 06 ABSTENÇÕES. Rejeitado o Veto ao art. 36.

Em votação o art. 200 do PLCE nº 28/94. (Após a chamada.) REJEITADO por 28 votos NÃO, 01 voto SIM.  Portanto, aceito o Veto a ele aposto.

Em votação conjunta os artigos 43 e 146 e o parágrafo único do art. 186 ao PLCE nº 28/94. (Após a chamada.) REJEITADO por 09 votos SIM, 18 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Portanto, aceito o Veto a ele aposto.

 

O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro à Mesa que seja convidado para a próxima reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa o Presidente da CORSAN, Sr. Berfran Rosado, para discutir a utilização de poços artesianos.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede que a Comissão formule, por escrito, o Requerimento, de acordo com o Regimento.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Como é uma questão de saúde pública, a Comissão certamente o fará.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, em atenção à solicitação, inclusive ainda em função do início de uma nova Legislatura, aceitará que o Requerimento seja feito ainda hoje, mas deve ser entregue à Mesa, durante a votação dos demais requerimentos. Há tempo de preencher um formulário, solicitando que a Mesa faça esse convite. Solicitamos que a Presidente da Comissão o formule junto à Diretoria Legislativa.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO (Questão de Ordem):  Gostaria  de um esclarecimento da Mesa a respeito desse tipo de Requerimento, porque, encerrada a votação, qual é o interesse da Casa em trazer o Sr. Berfran Rosado, Presidente da CORSAN, se já foi esgotada a votação? Por que isso não foi antes? Porque para falar sobre o assunto pertinente a essa matéria já passaram por aqui diversos especialistas, inclusive não ligados a empresas estatais.

 

O SR. PRESIDENTE: Esse é um assunto que deve tramitar no âmbito dos Vereadores para a justificativa, ou não. A Mesa está aceitando, ou não, encaminhar matérias solicitadas, mas a argumentação de se deve ou não é na hora da votação do Requerimento. O Requerimento será votado e dará oportunidade a V.Exa. de encaminhar contra.

A Mesa passa à votação dos Requerimentos. Antes, informa aos Srs. Vereadores ter recebido do Sr. Prefeito Municipal uma comunicação de que S.Exa., no dia 17/04/97, às 19h, viaja a Brasília, retornando no dia 18, ao final da noite. Na Capital Federal, participará de uma reunião onde estarão presentes os Prefeitos das capitais do MERCOSUL, mais o Governador Cristóvam Buarque. O referido deslocamento é com ônus para o Município e, nesse período, o Sr. Vice-Prefeito assumirá o Poder Executivo. É apenas uma comunicação, uma vez que a Legislação não exige votação para licenças de menos de cinco dias.

Requerimento do Ver. Luiz Braz, que solicita três diárias para viagem a Ribeirão Preto a fim de proferir palestra sobre o tema “Transporte Coletivo Urbano”. Esta Presidência esclarece que recebeu, além do que já foi informado, um ofício da Câmara Municipal de Ribeirão Preto  convidando os Srs. Vereadores para essa palestra e, em seguida, teve, por parte do Ver. Luiz Braz, a concordância em representar a Casa nesse evento. Ele estará viajando com passagens pagas por conta própria e solicitando licença para a representação e as referidas diárias. São três diárias.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Luiz Braz. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento, de autoria do Ver. João Dib, solicitando à Presidência que informe qual a atitude desta Casa face à publicação espontânea de responsabilidade do Poder Executivo.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, sei que é matéria vencida, mas nós devemos ter muito zelo. O Ver. Luiz Braz vai representar a Presidência em Ribeirão Preto. Eu não vejo por que o Ver. Luiz Braz deve pagar a passagem dele.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, realmente é assunto vencido. Requerimentos nesse sentido seriam complementares, mas poderiam ser feitos. A Mesa solicita que esta questão seja encaminhada na devida forma.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Esclarecimento): Eu agradeço a intervenção do Ver. Pedro Américo Leal, mas faço questão de arcar com as passagens para fazer essa palestra em Ribeirão Preto, porque será uma honra para este Vereador voltar à sua terra natal para fazer esta palestra. E quero dizer o seguinte: em 15 anos na Casa, talvez esta seja uma das primeiras vezes em que viajo em representação a esta Casa para falar em outra cidade e, principalmente, na cidade onde nasci. Para mim, está sendo motivo de muito orgulho e muita honra esta deferência que recebi da Presidência da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende que o assunto está esclarecido.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL (Esclarecimento):  V.Exa. me deu, mais uma vez, a oportunidade de apresentar as minhas razões. Desde a assembléia de líder do então Ver. Jair, V.Exa. sabe da minha posição, repetida há bem pouco tempo, anteontem: sou completamente contra a sacrifícios feitos pelos parlamentares. O sujeito vai trabalhar e tem direito aos gastos que ele fará. Não há por que fazer barretadas. Acho que o Ver. Luiz Braz está errado e quero, veementemente, criticá-lo.

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa está escutando, está entendendo. A própria Presidência fez esse tipo de colocação, no gabinete, ao Ver. Luiz Braz, dizendo a ele que estaríamos sujeitos a esse tipo de interpretação, porque não há motivos para  que ele não receba a passagem, e o Vereador, por ser filho de Ribeirão Preto, teve esse cuidado. Considera que poderia ser mal-interpretado, e nós não tivemos outra alternativa a não ser dizer ao Vereador para sugerir isso ao Plenário: “Se V.Exa. fizer um requerimento, o Plenário também pode votar a passagem”. Seria uma forma de sanar esse tipo de encaminhamento. Entretanto, esse assunto pode ser encaminhado independente de estarmos trocando opiniões em Plenário. Se V.Exa. chegar ao entendimento  de que deve fazer o Requerimento, esta Mesa o colocará em votação. É importante que essas coisas fiquem bem claras e não há interesse da Mesa em prejudicar; pelo contrário, nos sentimos honrados em saber que o Ver. Luiz Braz vai à Câmara Municipal de sua cidade natal, que agora é presidida por um correligionário do PTB, e que esse tipo de troca de informações é interessante para nós.

O Requerimento que está em votação foi encaminhado pelo Ver. João Dib. Ele requer, da Mesa, um esclarecimento. Ele solicitou à Mesa para informar-lhe sobre a publicação, até o dia 15 de março de cada ano, do relatório da Prefeitura. Considerando que o dia 15 de março foi um sábado, o relatório foi publicado no Diário Oficial apenas na 2ª feira. O Ver. João Dib interpelou a Presidência, a Presidência pediu um Parecer à Procuradoria e, após, devolvemos o processo para ciência do Ver. João Dib e ele tomou a decisão de pedir um parecer da Comissão de Justiça, uma vez que não concordou com o Parecer da Procuradoria. Esta Mesa sente-se no direito de defender o parecer da Procuradoria, se for o caso.

Em votação. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o meu espírito conciliador me coloca um pouco cheio de preocupações quando eu solicito audiência da Comissão de Justiça e a Mesa pretende defender o Parecer da douta Procuradoria, a quem eu tributo profundo respeito, fato que demonstrei aqui há poucos dias quando elogiei o trabalho da Procuradoria. Evidentemente, nós, os humanos, somos capazes de errar, e mesmo a douta Procuradoria pode fazer  um erro, cometer um equívoco, analisar apressadamente um projeto, uma pergunta. E eu vejo que, no caso, houve um equívoco da Procuradoria, e vou dizer que a Lei Orgânica, art. 23, diz que é “até o dia 15 de março”; a mesma Lei Orgânica que diz: “até 30 de setembro” entrega o Orçamento na Câmara. E nós, Vereadores de mais tempo, Ver. Luiz Braz, Ver. Nereu D’Ávila, reiteradas vezes vimos o Orçamento da Cidade chegar aqui no dia  28 de setembro porque era “até”. É claro! É até ali e não depois. E como o art. 23 é absolutamente claro, é “até”, como também não é a primeira vez que a Prefeitura descumpre o “até”, eu preciso que a Comissão de Justiça dê a sua opinião, porque é uma questão que a ela compete: sanar as dúvidas. E depois o Plenário analisará o Parecer da CJ.

Eu não considero, nobre Presidente, que a Mesa deva defender o Parecer da douta Procuradoria, porque é “até”. Não tivesse o “até”, seria qualquer outro dia. Mas o “até” é o mesmo aquele do Imposto Predial e Territorial Urbano: “até 25”, e não é 26. É o mesmo “até” que aconteceu com o salário dos municipários que não podia ser pago, porque era impraticável tecnicamente, e só podia ser “até o dia 31 de março”, e eles pagaram no dia 31 de março; era “até”, mas depositaram o dinheiro no dia 25, mas era “até 31 de março”. Não pagaram depois, pagaram “até”! Agora, a LOM é absolutamente clara: é “até”. E esse “até” tem que ser respeitado ou então teremos que fazer aquilo que o nobre e querido ex-Vereador Vieira da Cunha fez, veio a esta tribuna e rasgou o documento do Conselho Nacional do Petróleo. Então, se o “até” não for respeitado, creio que eu deva vir à tribuna, com aquele meu espírito conciliador e amigo, e rasgar a Lei Orgânica. Porque não há por que fazer Lei Orgânica. “Até”. Eu espero até que o Presidente da Casa, na defesa que parece que vai fazer do Parecer da douta Procuradoria, diga que até a Comissão de Justiça deva ser ouvida. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que até o Ver. João Dib tem direito de se equivocar. Não vou contestar a sua solicitação e, de pleno, já digo que votarei a favor da solicitação à Comissão de Justiça, porque não seria eu que iria tentar estabelecer um processo de discussão nesse sentido.

Senti-me na obrigação de dizer que despachei o processo ao conhecimento do Ver. João Dib por entender que o Parecer sanava qualquer dúvida. Não estou defendendo a douta Procuradoria, que, por sinal, não precisa de defesa. Leio o Parecer:

“ Vem à Procuradoria, por solicitação do Sr. Presidente, consulta do Ver. João Dib acerca da atitude competente desta Casa quanto à publicação de que trata o art. 23 da Lei Orgânica ter-se efetivado fora do prazo legal.

Conforme o autor da consulta, a relação do número de ocupantes de cada cargo, com o respectivo total do vencimento, bem como o percentual global médio de comprometimento da arrecadação com a folha de pagamento foi publicada no dia 17.03.97, quando o art. 23 da LOM determina como prazo final o dia 15 de março de cada ano.

 

S.m.j., a publicação deu-se dentro do prazo legal.

 

Vejamos.

 

O dia 15 de março do corrente ano caiu em um sábado, dia em que não há circulação do Diário Oficial.

 

É regra de prazo processual a prorrogação legal do último dia para a feitura do ato para o primeiro dia útil seguinte, quando o prazo final recair em dia em que não seja possível praticar o ato (§ 1° do art. 184 do CPC.)

 

Dessa forma, esta Procuradoria entende que nenhuma atitude cabe à Câmara por total ausência de ato administrativo viciado.

 

É o parecer.

Em 02.04.97.”

 

 

Esta é uma regra. O que fez a Prefeitura? Seguiu a regra. No ponto de vista da Procuradoria, foi isso que aconteceu. Por isso, com a maior tranqüilidade, a Presidência remeteu a informação ao Ver. João Dib, mas não está encaminhando contra, apesar de achar despiciendo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz retorna à Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Requerimento de autoria do Ver. João Dib, que solicita o encaminhamento do Processo nº 985/97 à Comissão de Constituição e Justiça, nos termos do art. 94, § 3º, “j”, do Regimento.

Em votação.(Após a chamada.) APROVADO o Requerimento  por 22 votos SIM.

Requerimento, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, solicitando que o Grande  Expediente da Sessão Ordinária do dia 03.09.97 seja destinado a homenagear os 50 anos da presença dos Grupos de Auto-Ajuda aos Alcoólicos Anônimos do Brasil.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o  aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. José Valdir, solicitando que o período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia 23.04.97 seja dedicado a homenagear o aniversário do CPERS/Sindicato.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. Gerson Almeida, que requer solidariedade da Casa ao Pedido de Informações do Dep. Flávio Koutzii quanto ao repasse de 253 milhões de reais à GM.

Em votação. (Pausa.) O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não vejo por que a Câmara Municipal manifestar solidariedade ao Deputado Flávio Koutzii, ex-Vereador desta Casa, pelo fato de ele estar cumprindo com a sua função de solicitar ao Executivo Estadual as informações que julgar necessárias para poder se esclarecer a fim de fazer com que as suas ações possam se dar no campo prático no que concerne à vinda da GM. Conversei com o Prefeito de Gravataí, Daniel Bordignon, e vi a sua alegria em estar recebendo a GM, e a população dizia que ele era um homem muito competente em virtude de a GM estar se instalando em Gravataí. Mas a GM só irá se instalar em Gravataí porque o Governo do Estado pode, através de incentivos, atrair a GM para o Rio Grande do Sul, porque, se fosse disputar taco a taco, não sei se seria assim. Mas depois de todas as ações feitas pelo Governo do Estado, o Prefeito de Gravataí saúda com bandeirinhas azuis e brancas a vinda da GM para aquele Município, e o PT quer tirar proveito, por um lado, dizendo que foi por competência do Prefeito de Gravataí a instalação da GM lá. E, por outro lado, dizendo que o Governador do Estado teve que dar incentivos a mais para que a GM realmente pudesse vir para o Rio Grande do Sul. Aí fica realmente muito difícil fazer política.

Mas vamos estar juntos com o Governador do Estado, quando é para colher os louros da vitória da vinda da GM, e, ao mesmo tempo, contrários ao Governador do Estado por ter utilizado recursos com incentivos para a GM a fim de que viesse para cá, minimizando, assim, o problema do desemprego no Rio Grande do Sul. Acredito que essa Moção de Solidariedade ao Dep. Flávio Koutzii não tem razão de ser. Que o Deputado faça um Pedido de Informações, qualquer Vereador desta Casa também pode fazê-lo, assim como qualquer Deputado na Assembléia Legislativa. Então, não somos contrários a que essas informações sejam pedidas e dadas ao Deputado Flávio Koutzii. Agora, que nós, da Câmara Municipal de Porto Alegre, nos solidarizemos com o Deputado porque ele está fazendo a sua obrigação, acho que é uma bobagem muito grande. Desculpem-me os Srs. Vereadores. Ele achou por bem pedir essas informações e está fazendo. E estamos nos solidarizando sem nem saber se essas informações comprometerão o Governador do Estado de alguma forma, como quer o Sr. Flávio Koutzii. Acho que nem deveríamos votar, mas, se assim for, devemos votar contrariamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada nossa saudação ao Ver. Zulmir Rasch, de Livramento, que, tenho certeza, não é saudação apenas da Bancada do PPB, mas de toda a Câmara Municipal.

Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,  o Ver. Luiz Braz colocou muito bem. Por que uma Moção de Solidariedade para com o Dep. Flávio Koutzii? Eu, honestamente, não vejo razões. Acho até que valeria uma Moção de Solidariedade se ele estivesse sendo pressionado, dificultado em seu trabalho. Mas nada disso está ocorrendo. Ele até está fazendo ampla publicidade em cima disso. E será que ele merece solidariedade? Pois a Lei foi votada, ele estava no Plenário, poderia obstacularizar, tem competência para isto e não o fez. Agora quer gemer. Está em fase de gemer contra a GM, contra o Estado do Rio Grande, contra os seus próprios colegas que votaram acompanhando o Projeto de Lei, em que estava escrito que seria 40 ou 50% - não sei exatamente. E por que não levantou naquela hora? Eu acho que ele não merece a solidariedade, porque ele andou claudicando no seu dever de observar o que estava acontecendo.

Eu já fiquei neste Plenário aqui adiando votações por um mês e meio, sozinho, porque perdi por 26 a 1.  Mas eu fui adiando. Agora o Sr. Flávio Koutzii, que já foi candidato a Senador, que é Deputado Estadual pela segunda vez, foi brilhante Vereador nesta Casa, é um homem imensamente culto, não conseguiu procrastinar o Projeto de Lei em debate. Ele estava claudicando. Ele não estava prestando atenção no que estava ocorrendo. Então, não há por que merecer um Voto de Solidariedade da Câmara. Não está sendo prejudicado em seu trabalho. Está, sim, obtendo ampla publicidade em seu trabalho. Só que se esqueceram de dizer que, no passado, quando tinha que ter exercitado toda essa força que ele tem, ele esqueceu, ele não estava, ele estava revoltado. Ele não estava com um espírito conciliador, Ver. José Valdir. Porque o espírito conciliador faz com que as pessoas vejam as coisas mais claramente.

O que eu sei é que no dia em que ele tinha que ter feito tudo isso que está fazendo hoje - e nós sabemos como se pede vista; nós sabemos como é que se coloca uma Questão de Ordem; nós sabemos como é que se apela para o Regimento, no caso da Assembléia Legislativa, ou no nosso caso da Câmara Municipal; nós sabemos como é que se apela para a Constituição Estadual ou para a Lei Orgânica Municipal, nós sabemos tudo isso, pelo menos obrigatoriamente - ele não fez.

Não tenho nenhuma restrição ao Dep. Flávio Koutzii, inclusive, gosto muito de sua pessoa. Foi um Vereador educado, correto e competente, mas esta vez ele falhou. Não vejo por que ligar os 253 milhões de reais com os 2.500 reais, e o nobre Ver. Gerson Almeida, acompanhado do nobre Ver. Juarez Pinheiro, também assinou nosso Pedido de Informações. E é por isso que vai chegar em dez dias, no máximo. Eu não acho que alguma coisa tenha a ver com a outra, para incluir no mesmo Processo os dois: um foi por uma lei, e o outro foi contra uma lei. No entendimento deste “pobre” Vereador conciliador  e no entendimento de mais alguns Vereadores, a edição do livro não se enquadrava  nas atribuições da Secretaria da Cultura. E a própria Secretaria ontem dizia que, às vezes, vai além do que a Lei permite. Então, não tem por que dar essa Moção de Solidariedade, até porque vulgariza a Moção de Solidariedade. E eu quero, tranqüila e conciliadoramente, dizer: não vamos vulgarizar as Moções de Solidariedade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia de ontem e no de hoje, a Cidade de Porto Alegre e o Estado do Rio Grande do Sul foram surpreendidos com uma grande denúncia e com a preocupação referentemente ao uso do dinheiro público pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Houve, inclusive, manifestações do Governador do Estado, conforme notas de uma escuta de rádio. O Governador do Estado do Rio Grande do Sul falou sobre o tema! Falou sobre a publicação, pela Secretaria Municipal da Cultura, de um livro que divulga os cânticos da luta do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra. Houve uma reação forte de vários Vereadores desta Casa que, por matérias em jornais, rádios, debates, se manifestaram surpresos, todavia, no papel legítimo, legal e politicamente correto de fiscalizar e disputar politicamente com a Prefeitura de Porto Alegre essa questão. Ninguém reclamou sobre isso.

A questão que quero oportunizar com essa Moção de Solidariedade é a de que possamos, então, coerentes com a reação que, inclusive, levou o Governador do Estado a falar sobre o tema, independente de partidos políticos, independente de sermos base de sustentação do Governo Estadual ou Municipal, ter uma posição coerente sobre o tema, sobre a utilização correta, ou não, do dinheiro público, sejam 2.500 reais, seja um real ou sejam 253 milhões de reais. Por que 2.500 reais dão um reação abrupta e o Governador do Estado fala sobre eles, e duzentos e cinqüenta e três milhões de reais fazem o Governador silenciar? Por que, quando a Prefeitura de Porto Alegre publica cânticos que retratam a luta dura e a realidade dos trabalhadores sem-terra deste País, que são massacrados - porque nos últimos 10 anos morreram quase mil trabalhadores rurais na luta pelo campo, numa concentração de terra maior de todo o planeta -, por que, se 1% apenas da população mantém sobre seu controle metade das terras agricultáveis do nosso País? Essa é a verdadeira violência que vive o nosso País, violência que se expressa, radicalmente, nas cidades, porque atrás de cada migração nós temos um problema agrário, dizem todos os cientistas sociais deste País.

Não me venham dizer que não é um problema urbano, não me venham dizer que 253 milhões de reais, usados na conta de uma empresa multinacional, antes que ela movimentasse uma única máquina, antes que nós soubéssemos para qual terreno iria a empresa - 253 milhões de reais que, a uma média de 1,9% ao dia, uma média bem baixa, como vimos pelo levantamento feito recentemente para criticar o Porto-Sol, dá 218 mil reais por dia, 5 milhões por mês só de rendimentos financeiros... Isso antes que a empresa faça uma única volta.

É uma lei da Assembléia, e não estamos contra a Lei da Assembléia. Votamos contra. Nós queremos saber se, dentro da Lei da Assembléia, estava previsto o repasse sem que uma única máquina fosse construída. A população quer saber. Aqueles que defendem, defendam, mas, por favor, não defendam depósitos em contas de empresas sem que elas tenham feito um único movimento visando ao seu objetivo. Essa é a questão que está em discussão; não é outra. Não é uma discussão a favor ou contra a GM; é a favor do bom uso do dinheiro público, ou não, sejam 2.500 reais, sejam 253 milhões.

Ver. João Dib, nós assinamos o seu Pedido de Informações e de outros Vereadores. Nós queríamos que V.Exas. também votassem conosco para que a população fosse esclarecida sobre como estão sendo usados os 253 milhões de reais. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, embora as pessoas já estejam cansadas, este é o último Requerimento. Entendo que a argumentação colocada aqui pelo Ver. João Dib e pelo Ver. Luiz Braz desvia, no nosso ponto de vista, o caráter deste Requerimento e desse assunto.

Primeiro, é divulgado de forma equivocada, distorcida a posição da bancada na Assembléia Legislativa com relação ao assunto.

Pedi licença para falar, para dizer que a Bancada votou contra o tipo de concessão que estava sendo dada pelo Governo para a GM, porque o Governo não quis discutir isso, porque tinha a opinião pública em seu favor, porque plantou na opinião pública uma mídia gigantesca. Quer dizer que os 253 milhões também é para pagar um pouco desta mídia que já está sendo utilizada para vender os automóveis depois. Porque a GM já está se utilizando deste servilismo deste nosso Governo que se entrega nas mãos de uma multinacional, uma das maiores do mundo, com esse tipo de proposição.

Achamos que uma GM é importante, como uma Coca-Cola é importante, como o “Shopping Center” que vai ser feito aqui é importante. Só que a Coca-Cola e o “Shopping” são sem subsídios, e haja subsídios para a GM. Tudo bem! Vamos ver quais são. A Bancada quis discutir isso junto com o PSB e outras bancadas na Assembléia, e foi derrotada, porque não concordava com os termos dos subsídios concedidos. É isto.

Não digam que a Bancada é contra a GM, porque isso é um argumento falacioso, mentiroso, equivocado para se colocar num momento importante da política gaúcha, em que todos nós queremos gerar empregos. Agora, a mentira está sendo colocada tantas vezes que parece verdade.

Então, inscrevi-me. Peço desculpas pela veemência, mas acho um absurdo o que está sendo feito. Dizer que Raul Pont é contra a GM! Nunca foi dito isto. Eu estava na reunião-almoço - Vereadora Clênia, é exatamente para V.Exa. que respondo - eu estava na reunião-almoço da FEDERASUL quando ele disse uma frase, no meio de todo o contexto do discurso: que hoje em dia valorizavam mais a política do automóvel e que nós tínhamos que valorizar mais outras políticas. Só isso que ele disse, e não se referiu à GM, não citou o nome da GM nunca! E V.Exa. e outras pessoas passaram a usar uma questão colocada pela imprensa, aquela imprensa que tem interesses nos grandes anúncios da GM, que estão sendo pagos pelo Estado, e o Deputado, no cumprimento do seu dever, está pedindo um esclarecimento, um Pedido de Informações, que o Governador não quer dar. Isso não tem cabimento! “Eu não digo a vocês a negociata que fiz com a GM, eu não vou contar” - mas ele que conte, ou então ele terá que responder em juízo. É esse o encaminhamento que eu gostaria de dar, e se não quiserem aprovar não o aprovem. O importante é que fique claro a todos que nós não podemos brincar com o dinheiro público e que o Governo está fazendo isso.

Há poucos dias recebi um telefonema do Governador Antônio Britto, perguntando se era verdade que meu amigo disse que nós éramos corruptos. Eu disse: “Não é verdade! Quem disse isso está querendo nos intrigar”. Absolutamente, não disse isso, não diria e não direi, mas que eu diga, desta tribuna, como Vereador - e tenho direito como Vereador, não como Presidente da Câmara -, que está sendo feito um encaminhamento equivocado, que não se deve entregar tudo para ter-se quase nada e que esse tipo de troca é uma troca fantasiosa, mentirosa, que está iludindo a opinião pública, de que vai haver a salvação da pátria, de que o Governo já tem “outdoor” por toda a Cidade dizendo que é um novo momento da história do Rio Grande do Sul... Eu até diria que a Coca-Cola fez esse novo momento, que dá muito mais empregos que a GM. Mas que venham as GMs, as Coca-Colas, as Volkswagens! Venham todas, não faz mal, desde que não aviltem a nossa dignidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho que o Ver. Clovis Ilgenfritz subestima a nossa inteligência e tem a pretensão típica de autoritarismo petista de querer subestimar a inteligência do povo do Rio Grande do Sul. Quando o projeto da GM foi para a Assembléia Legislativa, lá estavam escritas as condições de financiamento, que a imprensa divulgou, não só a do Rio Grande do Sul, mas de todo o País. Todos os dados questionados pelo Dep. Flávio Koutzii estavam lá naquele momento. Ele é que não foi atento, não teve competência e teve sua posição política derrotada. Como historicamente tem ocorrido, inconformado pela política que o levou ao isolamento, pela política de obscurantismo, típica de quem não compreende o momento histórico que estamos vivendo, tentou remediar o seu erro. Finalmente, se o Deputado não entendeu - parece que foi o único gaúcho que não acompanhou essa discussão -, que retifique seu erro e que faça um Pedido de Informações para que fique bem informado. O Governo do Estado do Rio Grande do Sul tem prazo para responder a essas informações. O que temos que ficar atentos é que o PT, até hoje, não conseguiu explicar para a opinião pública do Rio Grande o desastroso depoimento do Raul Pont. Se V.Exa. não ouviu, Vereador, foi o único, porque ele disse que não quer a GM em Porto Alegre. Ele disse, Vereador. V.Exa. pode ser a favor, mas ele era contra. A Bancada do PT foi contra, foi derrotada. Se o senhor não leu na imprensa, eu posso lhe presentear com uma cópia xerox com toda a notícia da imprensa que foi para a Assembléia Legislativa. O senhor sabe que isso é verdade e os petistas vão, por obediência partidária, colocar os interesses de sua agremiação acima do Rio Grande do Sul, tentando confundir a opinião pública, inclusive deixando claro para o Rio Grande do Sul as suas próprias contradições, quando um prefeito do seu partido, onde a GM será implantada, dará uma isenção inédita na história do Estado, uma isenção de 30 anos. O senhor quer questionar isso. Na verdade esse desespero de espalhar a mentira é porque V.Exa. está descontente com as vitórias que o Estado do Rio Grande do Sul tem conquistado. Foi com a ajuda do povo do Rio Grande do Sul que se deu a duplicação do Pólo Petroquímico, a Coca-Cola em Porto Alegre. Vamos resgatar a verdade. A Coca-Cola vir para Porto Alegre é fruto da mesma política de desenvolvimento que está sendo implantada neste Estado. O senhor não está bem-informado. O senhor desconhece e o seu Prefeito também desconhece e por isso falou inverdades no almoço da FEDERASUL, quando tentou dizer que, em Porto Alegre, a Coca-Cola não tem isenção. Mal-informado ou mal-intencionado, porque eles devem saber que também houve uma negociação. Está claro na Lei, nas negociações que foram feitas, isso faz parte de uma política de negociação de empréstimos e de investimentos. Agora, eu acho que quando levantam essa questão, essa cortina de fumaça, é na verdade, porque vocês acreditam que o PT é o único caminho para fazer a construção das coisas, o que não é verdade! É tempo de se saber isso, é tempo de saber que outros governos de outros partidos estão sendo capazes, no Rio Grande do Sul, de responder e de resolver questões pendentes há mais de 20 anos, como a questão da energia, a questão da Dona Francisca, a questão do Pólo Petroquímico, a questão do maior pólo industrial, do MERCOSUL, que está sendo desenvolvido nos Municípios da grande Porto Alegre.

Não adianta chorar, espernear, iniciar mentiras e inverdades, porque para mim o que importa é que o Rio Grande do Sul decidiu. É o caminho de desenvolvimento, é o caminho de uma política de emprego e é o caminho de acabar com essa choradeira que o Rio Grande do Sul está apartado do Brasil. Temos que retomar a história de o Rio Grande do Sul ser a vanguarda política e econômica brasileira. E é essa a trajetória que nós estamos construindo e quem não está querendo construir  fica chorando e reclamando. Sinto muito! Muito obrigada.

 

(Revisto pela oradora.)

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, estou acompanhando os debates e acho que por ser um debate quente, talvez alguns Vereadores estejam exagerando nas argumentações. Gostaria de saber, e essa é a Questão de Ordem, se eu tenho a possibilidade de encaminhar formalmente um convite ao Deputado Flávio Koutzii para que ele venha à Câmara esclarecer todo o seu procedimento, toda a sua conduta durante todo esse processo, porque eu não vou aceitar a idéia que transmite aqui a fala da Vera. Clênia Maranhão, de que o Dep. Flávio Koutzii foi relapso, foi omisso, quando deveria ter sido ativo em manifestar algum tipo de procedimento quando da votação do presente Projeto. Essa é a minha Questão de Ordem. Eu quero saber se eu posso encaminhar o convite formal para que o Deputado venha à Câmara para prestar  esse esclarecimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós estamos num processo de votação e não caberia, de forma alguma, esse Requerimento do Ver. João Motta. O processo de votação não poderia ser interrompido. Eu acredito que, de acordo com o Regimento, V.Exa. deveria repreender o Vereador que, na verdade, quebrou o Regimento da Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, sua manifestação não foi aceita como Questão de Ordem. Mais algum Vereador deseja encaminhar?

Em  votação o Requerimento solicitando Moção de Solidariedade  ao Pedido de Informações do Dep. Flávio Koutzii.

Em votação nominal. (É feita a chamada.) Encerramos a votação e vamos apregoar o resultado com as seguintes considerações: o Ver. Clovis Ilgenfritz, uma vez em Plenário, tem que assumir; não vamos considerar o voto deste Vereador que está presidindo a Sessão, segundo orientação da própria Diretoria e com base no Regimento.

(Após a chamada.) APROVADO o Requerimento por 14 votos SIM e 12 votos NÃO.

 

O Sr. João Dib: Sr. Presidente, pela anarquia, pelo tumulto, vou pedir renovação de votação na sexta-feira, até que esta Casa entre em ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: Aceitamos a sua comunicação.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em relação a essa decisão tomada  hoje por V.Exa., orientado pela Diretoria Legislativa , se derem jurisprudência nesta Casa ou não, pediria que fosse ouvida a Comissão de Justiça para que esta se manifeste através de um parecer.

 

O SR. PRESIDENTE: Aceito o seu Requerimento. Só indagamos à Diretoria se precisa ser cobrado por escrito ou se pode  ser oralmente.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, à Comissão de Justiça é deferido por V.Exa.

 

O SR. PRESIDENTE: Está deferido e vai ser ouvida a Comissão de Justiça.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, vamos racionalizar, já que a emoção está forte. O artigo 83 da Lei Orgânica, que é a Constituição da Casa e do Município, diz: “O Presidente da Câmara Municipal ou seu substituto, só terá voto na eleição da Mesa, ou em matérias que exigirem, para a sua aprovação, maioria absoluta de 2/3 dos membros da Câmara e o voto de desempate”. Quando diz “voto de desempate” é o voto de Minerva. Isso representa que quem está na Presidência, no momento, é o Presidente. Então, se o Presidente se desloca para o Plenário, é um Vereador comum, no meu entendimento. V.Exa. não votando e colhendo o voto do Presidente, entendo, salvo melhor juízo, está correto.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Ao retornar a presidir os trabalhos da Mesa, este Presidente pede aos Srs. Vereadores que mantenham a calma, a tranqüilidade. Tudo que aconteceu aqui foi absolutamente regimental, e pede vênia  aos ânimos alterados, ao espírito que se criou. A disputa é muito forte, é uma disputa altamente política.

Eu sabia que isso poderia acontecer. Eu tinha o direito de dar uma opinião e me senti constrangido em ficar presidindo a Mesa, quando eu tinha feito um discurso veemente na tribuna. Então, eu me coloquei no Plenário. É isso! Agora, a celeuma que se criou não é por culpa de eu ter falado e ter ido participar do Plenário. Só estou tentando ser fiel ao que o Regimento manda. Estou de volta e quero dizer que não aceito as palavras do Ver. Fernando Záchia, por quem eu tenho muito respeito, de que é bagunça. Não é bagunça, Vereador. Existiu exaltação de ânimos, termos fortes, mas não existiu bagunça. Está dentro da disputa de Plenário. Este Presidente, como qualquer outro, tem o direito de, quando tem uma opinião, deixar de presidir para poder votar, senão, seria anulado politicamente.

Então, eu peço licença para darmos seqüência, atendendo a uma Questão de Ordem do Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, é claro que eu não vou fazer uma Questão de Ordem. Eu estou solicitando uma informação. Como votou o Ver. Renato Guimarães?

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: O Ver. Renato Guimarães não votou.

 

O SR. JOÃO DIB: Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós queremos assegurar a Questão de Ordem. Ver. João Dib, V.Exa. sempre tem recebido uma consideração especial por tudo que merece, mas temos um Vereador inscrito em Questão de Ordem. A Mesa sugere que se juntem as juventudes e se faça um trabalho de conciliação.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): O Ver. Luiz Braz, usando de uma prerrogativa regimental, inconformado com a decisão, nos termos do art. 99, já requereu audiência da Comissão de Justiça, porque pretende ver modificadas no Plenário as deliberações que foram tomadas anteriormente. É um direito legítimo. Há poucos dias tivemos uma experiência absolutamente similar na Casa a esse respeito. O Ver. Paulo Brum, que presidia os trabalhos na ocasião, recebeu o recurso e já determinou que ele fosse encaminhado para a Comissão de Justiça. A matéria fica “sub judice” e o próprio requerimento que o Ver. João Dib anuncia que fará, no pedido de renovação de votação, fica sobrestado, até que haja o esclarecimento da Comissão de Constituição e Justiça, como determina o Regimento da Casa. Por isso, a minha Questão de Ordem é no sentido de que, diante desse fato suspensivo, que o recurso do Ver. Luiz Braz propicia, se passe  para o próximo assunto, pois esse já está superado, é matéria superada. Está suspensa, enquanto não houver audiência da Comissão de Justiça.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de uma informação da Mesa: quando o Presidente se afasta para fazer uma intervenção, como foi o seu caso, é uma questão regimental ou é uma questão de avaliação ética?

 

O SR. PRESIDENTE: No meu ponto de vista, as duas questões. Eu poderia me afastar porque é regimental.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Pelo Regimento da Casa está explícito que, quando o Vereador vai à tribuna fazer uma intervenção em um assunto que é de seu interesse pessoal, ele se sente impedido ou é Presidente da Casa. Esse impedimento regimental termina quando? Após a intervenção do Vereador? Sim ou não?

 

 O SR. PRESIDENTE: O impedimento é porque ele está usando a palavra e não pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. Termina absolutamente após o uso da palavra. Se ele entender que não deve voltar à Mesa, não volta. Aí, é uma questão de ética.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Se ele entender que não deve voltar para a Mesa, ele não volta?

 

O SR. PRESIDENTE: É lógico. Isso já aconteceu muitas vezes.

 

O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem):  Sr. Presidente, a minha Questão de Ordem é exatamente a mesma Questão de Ordem do Ver. João Dib. Com isso justifico, porque o Ver. João Dib, quando faz uma Questão de Ordem, é Questão de Ordem. Nessa discussão, se está “sub judice” ou não, tem uma questão que para mim é matemática. As duas votações que estão sendo questionadas, elas podem ou não alterar o resultado? Para mim, é uma questão matemática resolvida. Para embasar a minha constatação, quero solicitar à Mesa que me informe o seguinte: como votou o Ver. Clovis Ilgenfritz? Como votou o Ver. Paulo Brum, e que  V.Exa. repita o resultado numérico da votação.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz não votou. Fui informado que deveria votar. Aí a própria Mesa entendeu que não poderia e este Vereador retirou o voto.

O Ver. Paulo Brum a mesma coisa: votou e depois retirou o voto, porque entendeu que, presidindo os trabalhos, não poderia votar.

Esse é o entendimento legal.

O resultado foi 14 votos SIM e 12 votos NÃO.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Então, Sr. Presidente, qualquer coisa que  possa acontecer na Comissão de Justiça não altera o resultado. Matematicamente está resolvido. Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Essa é uma constatação de V.Exa.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, o entendimento, hoje, aqui, nesta tarde, foi de que o Presidente da Casa poderia se afastar da direção dos trabalhos, tomar assento no Plenário e votar, sendo que aquele que estivesse dirigindo a Sessão naquele instante se transformaria, então, em Presidente e ele teria o Voto de Minerva. Bom, isso seria a primeira vez que iria acontecer nesta Casa. Nunca anteriormente aconteceu. Sempre que o Presidente da Casa está presente no Plenário ele é o Presidente, ele  sempre vai presidir a Sessão. Para que isso não aconteça, o Presidente teria que se retirar, e, neste caso, aquele que estivesse dirigindo a Sessão se transformaria no Presidente, que teria o Voto de Minerva. É essa questão que foi enviada por este Vereador, como Requerimento, à Comissão de Justiça. Na verdade, o entendimento já está restabelecido com relação às regras normais da Casa; eu retiro o meu Requerimento para que a CCJ seja ouvida. Eu só quis que a CCJ fosse ouvida, porque o que parecia ter acontecido era, na minha opinião, ilegal.

 

O SR. PRESIDENTE: Ninguém teria tanto interesse em ver isso esclarecido quanto a Presidência, porque essas coisas surgem e nos tomam de surpresa, às vezes, na interpretação regimental. Vamos solicitar à Sra. Procuradora que junto com a Diretoria Legislativa, nos dê um parecer, independente de se precisar mandar para a Comissão de Justiça. Se o parecer não satisfizer, mandamos para a CCJ dar a sua opinião definitiva.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Concordo com V.Exa. Retiro meu Requerimento de envio à Comissão de Justiça. Vou me satisfazer com o Parecer da Procuradoria.

 

O SR. PRESIDENTE: Será exarado, para que não se tenha mais esse tipo de mal-estar.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA (Esclarecimento): Quando eu dizia, anti-regimentalmente, que o Plenário havia virado uma bagunça, falava do exato instante em que V.Exa., alertado por alguém, teria que sair do Plenário para ser criada a situação de impedimento do voto do Ver. Paulo Brum, que, naquele momento, exercia as funções da Presidência. O que eu quis dizer com a palavra bagunça? O exemplo a esta Casa Legislativa obrigatoriamente tem que partir da Mesa, e, obrigatoriamente parte do Presidente da Casa, não do Presidente dos trabalhos. Quando V.Exa., um Vereador experimentado, dos melhores, dos mais competentes, pára, porque está envolvido no processo eleitoral, faz uma ação que até pode ser regimental, mas não é correta, tanto que gerou a Questão de Ordem do Ver. José Valdir, que não sabia como V.Exa. e o Ver. Paulo Brum tinham votado. Toda essa confusão, essa bagunça, no bom sentido, foi criada por essa artimanha que V.Exa. usou. Tenho o maior apreço por V.Exa., que sabe disso, mas quero justificar por que utilizei a palavra bagunça.

 

O SR. NEREU D'ÁVILA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, é só para colocar as coisas nos seus devidos termos. Neste momento, existe apenas a intenção de uma renovação de votação que não pode ser feita hoje, mas na próxima Sessão. Nunca existiu o Requerimento do Ver. Luiz Braz, já que o art. 99 do Regimento é claro. O Requerimento tem que ser por escrito e fundamentado. Como não foi entregue à Mesa, nunca existiu.

 

O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em outra oportunidade, o Ver. Luiz Braz, atuando na posição de corregedor da Mesa, não permitiu a acolhida da minha Questão de Ordem e o faço agora. Gostaria de saber - é um esclarecimento - se um Vereador, no âmbito do Município, pode encaminhar um requerimento convidando uma autoridade estadual para se fazer presente em alguma Sessão para prestar esclarecimento de determinado assunto. Não precisa me dar a resposta agora.

 

O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, está registrada a sua solicitação e a resposta será dada no momento oportuno.

Em votação a prorrogação da Sessão por mais duas horas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Esclarecimento): Sr. Presidente, a dita bagunça alegada pelo Ver. Fernando Záchia aconteceu várias vezes, em outras legislaturas, na Presidência do Ver. Airto Ferronato e Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. PRESIDENTE: Assim como não foi Questão de Ordem a do Ver. Fernando Záchia, outros Vereadores estão anotando opiniões em função de uma celeuma. Não vamos entrar nesses aspectos frios da questão, porque temos um resultado de uma discussão política que deve ser esclarecido para que nas próximas votações tenhamos a clareza de como nos comportar neste sentido.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu queria concordar com o encaminhamento que foi feito no sentido de ouvirmos a nossa Procuradoria através de um parecer. Parece-me que isso é o mais sensato: um parecer da Procuradoria acerca da questão do voto do Presidente. Tenho o mesmo entendimento que o Ver. Nereu D'Ávila expressou e que está presente na nossa Lei Orgânica. Parece-me que V.Exa. poderia ter votado estando no Plenário. Inclusive, estou embasada aqui no art. 21 do nosso Regimento, que diz que para o Presidente tomar parte das discussões deverá se afastar da Presidência da Sessão. Parece-me que isso foi encaminhado e quero, com esta minha fala, Sr. Presidente, cumprimentá-lo, porque, na dúvida, os dois Vereadores que presidiram os trabalhos, Ver. Paulo Brum e V.Exa., que é o Presidente da Casa e que estava no Plenário no momento, agiram com a maior ética e a maior correção aos olhos desta Vereadora, quando nenhum dos dois contribuíram com o seu voto. Acho que podemos, com esse tipo de postura, demostrar que não estamos buscando um resultado fácil, mas o cumprimento do Regimento. Meus cumprimentos aos dirigentes da Mesa.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): O Requerimento do Ver. João Motta, dentro daquilo que levantou o Ver. Nereu D'Ávila, não pode ser aceito porque ele não formalizou por escrito. Então, V.Exa. não pode deferir o Requerimento. Ele fez um requerimento consultando a Mesa no sentido de convidar uma autoridade para vir aqui. Esse é o primeiro aspecto, dentro daquilo que foi respondido ao Ver. Luiz Braz, de que não poderia fazer um requerimento verbal.

A outra questão foi quanto à Questão de Ordem do Ver. Guilherme Barbosa, que não foi uma Questão de Ordem, foi uma questão de agressão - agrediu o seu colega Ver. Fernando Záchia. E a terceira, a sua postura. V.Exa. respondeu para a Vera. Clênia Maranhão: é uma questão ética, não-regimental. Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: No segundo momento, senti-me na posição de não criar nenhum constrangimento, mesmo que perdesse. Eu não sabia qual era o resultado. Eu poderia ter votado por teimosia, mas não fiz isso. Quero que entendam que não há como agir de outra forma. Considerando isso, quero dizer que não aceitei o Requerimento do Ver. João Motta, porque, em realidade, o Vereador não formulou um requerimento. Fez uma pergunta e disse que estaria, depois, solicitando esclarecimentos sobre o assunto. Então, ele vai-se esclarecer e poderá fazer o Requerimento, devidamente instrumentalizado.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura de Requerimento encaminhado à Mesa.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, referente ao deslocamento do Ver. Luiz Braz à Cidade de Ribeirão Preto, no qual solicita pagamento das despesas com passagens aéreas.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou de pleno acordo com os termos do Requerimento encaminhado pelo Ver. Pedro Américo Leal. No entanto, para o Plenário, fica difícil votar contra a vontade do próprio Vereador que, expressamente, abdicou na gestão anterior da Mesa, na gestão que o Plenário fez. Então, neste caso, não temos autoridade para votar e impor essa decisão ao Ver. Luiz Braz, que deve ter os seus motivos, as suas razões para proceder dessa maneira. Do contrário, não precisa nem pleitear. Já está, de pronto, aceito pelo Plenário, posto que o Requerimento foi votado. É prenhe de razão e de conteúdo o seu Requerimento; é correto. No entanto, nós não poderíamos votar isso no Plenário, impondo algo ao Ver. Luiz Braz que ele já negou por duas vezes. Ficamos numa situação um pouco difícil. E, se o Vereador for falar, me parece que devemos nos submeter às suas razões, sabendo que a Casa tem uma compreensão sobre isso. Representação tem que ter as despesas pagas pela Casa. Tem o pleno acordo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estou completando, neste ano, 15 anos de Câmara Municipal. Lembro-me de que fui representar a Casa, em 1994, quando era Presidente, numa convenção de Vereadores da América Latina, em Florianópolis. Também foi o Ver. Jocelin Azambuja. Eu não me lembro de outra oportunidade em que tenha saído para representar esta Casa. Sempre me neguei. Nunca quis submeter meu nome para representar esta Casa em outro local. E já tive várias oportunidades.

Então, Ver. Pedro Américo Leal, eu quero agradecer a V.Exa. - inclusive entendendo as gestões que V.Exa. faz, que não é a defesa deste Vereador, é a defesa da instituição -, mas peço vênia a V.Exa. para pedir ao Plenário que não aprove esse Requerimento. Eu prefiro, até por questões  de foro íntimo, para não me sentir constrangido, não receber essas passagens aqui da Casa. Prefiro ir às minhas expensas. Está sendo uma satisfação para mim poder receber esta designação do Presidente para ir até Ribeirão Preto falar sobre transporte coletivo e, muito mais, voltar à minha terra natal. Pediria a V.Exa., se fosse possível, Ver. Pedro Américo Leal - eu sei que não é possível retirar, por causa do Regimento -, que nós possamos não votar essas passagens, pois me sentiria constrangido por nunca ter utilizado esse expediente, nesta Casa, a não ser  uma vez, durante 15 anos, quando fui representar esta Casa como Presidente no Encontro de Vereadores da América Latina. Agradeço a V.Exa., agradeço à Casa, mas peço, por favor: dispense esta ajuda, para que este Vereador possa ter um prazer enorme em estar na Câmara Municipal de Ribeirão Preto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, desde que entrei nesta Casa, tenho, quase que teimosamente, imprimido uma norma de ação. Todos os Vereadores e Vereadoras devem saber disso. O que é ato de serviço? Ato de serviço ocorre, no caso da Câmara, quando um Vereador, investido de qualquer missão em nome da Casa, tem, desta, todo o seu apoio. Porque nas Forças Armadas, que são muito exigentes com os seus membros, nada é dado, tudo é pago. Uma passagem é paga, uma diária é paga. Quando se ganha um borzeguim, quando se ganha uma farda, tudo é pago. A nação paga ao soldado aquilo que recebe. É uma maravilhosa compenetração de receber ativamente! É isto que tentei trazer a esta Casa, e levei para a Assembléia, também, pois não há nada de pejorativo, de errado em um Vereador ir em missão a qualquer lugar e receber a passagem e as diárias. O que ele pode receber a mais? Fiquei muito surpreso ao ver o Ver. Luiz Braz abrir mão disso, porque ele faz mal! Quando um Vereador abre mão e outro não abre, afinal das contas, qual é o critério? Não há critério? O Vereador é rico? Não precisa de passagem? Não. Sempre que a Casa enviar um representante seu a um lugar, para uma conferência ou uma representação, a Casa arca com essa despesa. É muito nobre essa compenetração. Tudo é pago, nada é dado! Foi com essa noção que vim socorrer o Ver. Luiz Braz, que sei que é um homem pobre, um homem que necessita e que vai à sua terra natal em regozijo à oportunidade que tem de rever os cidadãos, os seus edifícios, tudo o que evoca saudades e, então, é justo receber a passagem e as diárias.

Quando fui à Argentina, a Prefeitura, se não me engano, arcou com a responsabilidade das passagens e das diárias! Eu me senti perfeitamente à vontade! Não temos nada, no Legislativo, que esconder! Absolutamente. Não concordo com o Ver. Luiz Braz e, na verdade, até o admoesto, porque ele faz mal em não aceitar as passagens. Isso pode constranger, mais adiante, um colega seu! O critério é receber aquilo que o indivíduo precisa. Quem dá a missão dá meios! V.Exa. não pode receber uma missão sem receber meios. Veja V.Exa. que o critério que quero estabelecer é um critério justo, límpido, perfeitamente entendível por qualquer um, e é por isso que fui veemente num assunto que, aliás, não tem nenhuma significação aparente, quando tínhamos um tumulto no Plenário para saber, afinal de contas, quem era o Presidente desta Casa: se era o Ver. Clovis Ilgenfritz, que estava no Plenário, ou se era o Ver. Paulo Brum, que estava no exercício da Presidência dos trabalhos.

Por isso, Ver. Luiz Braz, fiz essa sugestão e desejo que esta Casa tenha muito cuidado com isso. Nada é dado, tudo é pago! As Forças Armadas fazem assim, e elas são sábias, elas têm 400, 500 anos! Tudo é pago, não se recebe nada de graça! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, eu não quero que a história da Casa registre que a proposição foi rejeitada. Se o Plenário concordar, ela será retirada.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe o Requerimento do Ver. João Dib para que submeta ao Plenário a retirada da proposição.

 

(A Mesa consulta a Diretoria Legislativa.)

 

Não há como retirar. A Mesa precisa de vênia para que não incorra num erro que possa ser motivo de contestação. O que está escrito no Regimento é que não se pode retirar.

Entendemos a intenção do Ver. João Dib, mas a única coisa que nos sobra, como recurso regimental, é constatar a não-existência de quórum.

A Mesa está verificando que, visivelmente, não há quórum.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h21min.)

 

* * * * *